sábado, 4 de maio de 2013

O Românico - A Igreja (A Cultura do Mosteiro-6)



Nos dias de hoje não é fácil imaginar o que uma igreja significava para as pessoas na Idade Média. A igreja era, geralmente, o único edifício em pedra nas redondezas e o seu campanário um ponto de referência para todos os que vinham de longe.

Aos domingos, durante o culto, todos os habitantes da cidade aí se encontravam e o contraste entre o edifício grandioso e as casas primitiva e humildes em essas pessoas passavam a vida devia ser esmagador.

Não admira que toda a comunidade estivesse interessada na construção dessas igrejas e se orgulhasse da sua decoração. Mesmo do ponto de vista económico, a construção de um mosteiro, que levava anos, deveria transformar uma cidade inteira.

A extracção da pedra e o seu transporte, a erecção de andaimes adequados, o emprego de artífices itinerantes que traziam histórias de outras terras, tudo isso constituía um acontecimento importante nesses tempos remotos.

A Idade das Trevas não apagara por completo a lembrança das primeiras igrejas, construídas de acordo com as basílicas romanas. O plano fundamental era geralmente o mesmo: uma nave central que levava a uma abside ou coro e duas ou quatro naves colaterais.

Alguns arquitectos gostavam da ideia de construir igrejas em forma de cruz e acrescentavam uma galeria transversal entre o coro e a nave à qual se deu o nome de transepto.

Nas igrejas românicas encontramos geralmente arcos de volta inteira assentes em maciços pés-direitos. A impressão causada por essas igrejas, interna e externamente, é de grande robustez.
Poucas decorações, poucas aberturas, paredes e torres inteiriças que nos fazem lembrar fortalezas medievais.

Essas poderosas e desafiadoras montanhas de pedra erguidas pela Igreja em terras de camponeses e guerreiros recentemente convertidos do seu modo de vida pagão parecem expressar a própria ideia da Igreja militante – isto é, a ideia de que aqui, na Terra, é tarefa de Igreja combater as forças das trevas até que soe a hora do triunfo, no dia do Juízo Final.

Havia um difícil problema relacionado com a construção das igrejas que levou muito tempo a resolver: a tarefa de dar a esses impressionantes edifícios um apropriado e fiável telhado de pedra.
A arte romana de abobadar grandes edifícios exigia uma considerável soma de conhecimentos e cálculos de natureza técnica que, na sua maior parte, se tinham perdido.
Assim, os séculos XI e XII tornaram-se um período incessante de experiências.

A solução encontrada consistia em cobrir a nave principal com uma abóbada de berço.
A pressão contínua exercida pela abóbada é descarregada através de arcos para pilares e colunas que dividem as naves no interior da igreja e transmitida para as naves laterais.
Finalmente, a pressão exercida pelas abóbadas laterais é transmitida para as paredes exteriores do edifício reforçado pelas paredes grossas, com poucas aberturas, e por contrafortes situados exteriormente no mesmo alinhamento dos pilares.

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