sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

2 - O Mosteiro (módulo 3)

Mosteiro; palavra derivada do grego monasterion que significava, inicialmente, “lugar para viver sozinho”. Mais tarde veio a designar o conjunto de edifícios e terras ocupados por comunidades religiosas.

O monaquismo cristão nasceu do século IV, no Oriente, ligado ao desejo de isolamento, de evasão do mundo profano (fuga mundi), para uma entrega mais directa a Deus, através do ascetismo.

No Ocidente o monaquismo apareceu mais tarde, nos finais do século V, por iniciativa dos bispos.  A partir dos séculos VI e VII surgem os primeiros legisladores da vida religiosa comunitária onde se destaca São Bento de Núrsia.

Os regulamentos (ou Regra) que São Bento escreveu para os seus monges na Abadia de Montecassino em 529, serviram de modelo para a organização da vida religiosa comunitária na maior parte dos mosteiros medievais europeus até ao século XII.

Segundo a Regra de São Bento o mosteiro era “uma escola ao serviço de Deus”, onde o abade era o pai e mestre dos irmãos e cuja comunidade tinha por princípios básicos os de obediência, silêncio e humildade.

A 1ª obrigação dos monges é o culto religioso, mas os irmãos possuíam outros deveres onde a oração alternava com o trabalho (ora et labora) no scriptorium, nas oficinas e nos campos em horários rigorosamente estipulados, desde o nascer do dia ao pôr do Sol.

Seguindo o ideal ascético da fuga mundi, os mosteiros medievais estavam quase todos instalados em zonas isoladas, no alto de montanhas, em vales isolados ou escondidos entre as árvores das florestas.

Eram concebidos como pequenos mundos autónomos e auto suficientes, virados para o seu interior e fechados ao exterior.

Os mosteiros tornaram-se centros dinamizadores da economia e de produção cultural na teologia, nas letras e nas ciências.


Os mosteiros exerceram um importante papel civilizacional.

A Cultura do Mosteiro - 1 A Idade Média (o feudalismo) módulo 3

No ano de 476 d.C o Império Romano do Ocidente chegou ao fim com o saque de Roma.
Os mil anos que se seguiram são hoje designados como Idade Média ou Idade das Trevas.

O Império do Ocidente foi invadido por diversas tribos bárbaras (germânicas) que o dividiram
em pequenos reinos.

A Oriente manteve-se o poder imperial com sede em Constantinopla (atual cidade de Istambul, capital da Turquia) até ao ano de 1453 quando foi tomada pelos exércitos do Império Otomano.

O embate entre o mundo romano em declínio e o mundo bárbaro, em ascensão, alterou por completo o panorama da Europa nessa época.

A economia mercantil ficou seriamente enfraquecida.
As guerras e as pilhagens constantes, a insegurança nas estradas e nas vias marítimas
Impediram a manutenção do comércio como factor económico principal.
A economia passou a ser de cariz agrário, dependente da Natureza.

Os centros urbanos degradaram-se e entraram em declínio
porque eram os alvos preferenciais dos ataques dos exércitos pelas riquezas que albergavam e pela importância política e económica que representavam.

A administração pública desorganizou-se.
O poder político pulverizou-se em múltiplos poderes locais de carácter arbitrário.
Os poderes centrais ficaram muito enfraquecidos.

Verificou-se uma profunda depressão demográfica devido ao declínio da vida económica e material das populações e às guerras constantes que então se verificavam um pouco por todo o território europeu.

Ao regime de organização política e social que então se formou na Europa medieval dá-se o nome de Feudalismo.

O feudalismo caracterizava-se por uma hierarquia de poderes organizada em pirâmide que tinha no rei a figura mais importante.


Os laços de dependência entre as pessoas eram muito fortes e as suas vidas dependiam dessas relações.
Acima dos outros homens encontrava-se o Rei (o suserano de todos os suseranos).
O seu poder provinha directamente de Deus.

A Nobreza

Abaixo do Rei estava a Nobreza, constituída por suseranos menores, senhores feudais que detinham grande poder na organização do seu feudo.

O Rei distribuía terras a estes senhores que em troca lhe juravam fidelidade e prestavam vassalagem.
A sua principal actividade consistia em prestar auxílio ao Rei em caso de guerra.
Os nobres eram guerreiros.

Na época feudal o poder estava muito fragmentado.
Cada feudo era organizado de acordo com os interesses do seu senhor.
O senhor feudal detinha o direito de exercer a justiça de forma autónoma e governava o seu feudo como uma espécie de pequeno rei.

O Clero

O clero é constituído pelos padres, monges, bispos, arcebispos, cardeais e o Papa, o bispo de Roma, é o seu líder máximo.
Todos possuem a sua própria função na hierarquia da Igreja.

Os elementos do clero são responsáveis pelo culto religioso. Em grande parte dos casos são os únicos que sabem ler; esse facto confere-lhes uma grande importância.

Na época feudal, o clero gozava de diversos privilégios e prestígio na sociedade.

O clero, no seu sentido original, existe até aos dias de hoje na Igreja Católica, porém já não possui tantos privilégios nem goza do mesmo reconhecimento

Servos e camponeses
Os servos da gleba constituíam a maior parte da população camponesa: estavam presos à terra, sofriam intensa exploração, eram obrigados a prestar serviços à nobreza e a pagar diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de protecção militar.

Embora geralmente se considere que a vida dos camponeses fosse miserável, a palavra "escravo" seria imprópria. Para receberem direito à moradia nas terras de seus senhores, juravam-lhe fidelidade e ofereciam-lhes trabalho.

O papel da igreja

A Igreja Cristã, ao longo da Idade Média, não se limitou a doutrinar e expandir a Fé.
Teve um importante papel civilizacional ao nível da difusão de técnicas agrícolas, da suavização dos costumes e da conservação e desenvolvimento das artes e das letras.

A Igreja, inspirada nas estruturas administrativas do antigo Império Romano, contribuiu para organizar as comunidades medievais europeias.

Surgiu o conceito de cristandade, a comunidade dos povos e das nações que, professando a fé cristã, criaram entre si laços políticos, sociais, jurídicos e culturais.
Deus passou a estar no centro de todas as coisas.

Os mosteiros foram os principais centros difusores desta nova ordem religiosa, cultural e social.