sexta-feira, 24 de abril de 2009

Expressionismo Alemão (O Cavaleiro Azul)

Der Blaue Reiter, ilustração de 1912, Kandinsky (?)

Em 1910 surge em Munique um outro movimento de arte vanguardista, O Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter) fundado por Wassily Kandinsky.

O objectivo do grupo era o de unir sob um mesmo ideal artístico criadores de várias nacionalidades e diferentes expressões, ultrapassando as barreiras culturais e ideológicas.

Estes artistas concebiam a sua actividade criativa como um produto da unidade existencial entre o homem e a natureza. Nessa perspectiva, a arte tenderá a encontrar uma linguagem universal, compreensível por todos os seres humanos, independentemente da sua cultura ou estrato social.

A base das obras seriam as experiências pessoais, as sensações e os sentimentos subjectivos de cada um.

As suas ideias foram explicadas em revistas da especialidade e no almanaque do grupo, O Cavaleiro Azul. Realizaram também exposições que contaram com a colaboração de artistas que não pertenciam ao grupo.

Foram características comuns às obras de O Cavaleiro Azul:
- Preferência por temáticas naturalistas;
- execução reflectida e pensada;
- simplificação e/ou geometrização das formas;
- valorização da mancha, utilização de cores antinaturais;
- composições equilibradas;
- uma expressividade que incide no lirismo e na emotividade

Expressionismo Alemão (A Ponte)

Ernst-Ludwig Kirchner, Auto-retrato, xilogravura


Em 1905 realizou-se a primeira exposição dos Fauves no Salão de Outono de Paris. Em Dresden, na Alemanha, Kirchner, Henkel e Schmidt-Rottluff fundaram a associação artística Die Brücke (A Ponte).

A arte dos elementos de A Ponte caracterizou-se por uma linguagem plástica rude e agressiva na forma e nos conteúdos.

Reagindo ao Impressionismo e ao academismo pretendiam uma arte mais pura e intuitiva.

A arte dos elementos de A Ponte caracterizou-se por uma linguagem plástica rude e agressiva na forma e nos conteúdos.

Recorreram a uma linguagem visual directa e não convencional, transformando a realidade num código pictural. Desse modo aproximaram-se de modos de representação arcaizantes e primitivos.

A redescoberta, por parte de Kirchner, das técnicas da xilogravura e da gravura sobre metal, contribuíram para o endurecimento formal das figuras, através da acentuação e simplificação das linhas de contorno.

À exploração desta linguagem formal não terá sido alheio o contacto com a arte africana, muito em voga nos meios artísticos europeus do início do século XX.

As temáticas praticadas por este grupo de artistas privilegiaram a figura humana representada em diferentes situações, de preferência revelando aspectos relacionados com a realidade social do pintor. As personagens são, na maior parte dos casos, mais importantes que o cenário.

O grupo de A Ponte pretendeu criar uma arte que marcasse um espírito de revolta quando apela no seu manifesto a toda a juventude para incorporar “o futuro e se libertar dos poderes consagrados”.

O expressionismo acaba por invadir todas as formas de expressão artísticas e parece invadir tudo o que tem a ver com o espírito humano, ganhando uma aura quase mística que tem a ver com a sua vontade de produzir continuamente uma crítica profunda sobre a condição de sermos humanos e as contradições impostas ao nosso espírito pela sociedade de consumo que então nasce e começa a mostrar a sua face menos humanista.

Os expressionistas de A Ponte fizeram várias exposições entre 1905 e 1913 mas acabaram por se dispersar com a Primeira Guerra Mundial.
Nota: consulta outros posts relacionados com este tema clicando a etiqueta correspondente no sidebar.

O Palácio de Cristal


No início da Revolução Industrial, a Inglaterra, procurando afirmar a superioridade da sua engenharia e da sua indústria, organizou a Exposição Internacional da Indústria, do Comércio e das Artes, a primeira exposição mundial realizada.

Vitória e Alberto

Em 1850, o Príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória, criou uma comissão real encarregue de organizar a exposição, começando pela construção do local do evento.


A comissão era formada por engenheiros e arquitectos, como Charles Barry (um dos arquitectos das casas do Parlamento), Robert Stephenson e Isambard Kingdom Brunel, recebeu muitos projectos, que foram severamente criticados e, em seguida, descartados.
Face à urgência do empreendimento, a própria comissão decidiu desenvolver um projecto, liderado por Brunel. Mas, devido à sua grandiosidade e complexidade foi posto de lado.


Foi então que surgiu o projecto de Joseph Paxton, jardineiro e construtor de estufas.
Baseado na estrutura de um certo tipo de nenúfares, a que foi dado o nome de vitória-régia, Paxton desenvolveu um projecto extraordinário para o descomunal edifício.


A estrutura da vitória-régia revelou grande resistência quando Paxton colocou sobre a planta a sua filha de 8 anos

A comissão, preocupada devido ao curto prazo para a inauguração da exposição, não teve outra alternativa senão aceitar a arrojada proposta do construtor de estufas e Paxton teria apenas duas semanas para apresentar o projecto final.


Assim como na folha da vitória-régia, um conjunto de nervuras transversais apoiava-se em grandes vigas longitudinais, suportadas por fileiras de pilares, que tinham a mesma função que a água desempenha na folha, resistir aos esforços verticais trazidos pelas nervuras.

Construção do Palácio de Cristal

O travamento da estrutura, necessário devido à sua altura, era feito através de barras colocadas em forma de "X“. Logo, as vigas seriam na estrutura as nervuras das folhas nas regiões em que se encontram praticamente paralelas. Os pilares, assim como as vigas, seriam de ferro fundido e as paredes de vidro, facilitando a execução do projecto.


As colunas de ferro, ocas, também funcionavam para escoamento da água que as nervuras e vigas, simultaneamente funcionando como calhas, recolhiam.
Com o auxílio de equipamentos e força animal os pilares e vigas eram montados com extrema facilidade.


Após a colocação da estrutura básica, pilares e vigas, a vedação vertical do palácio foi feita com placas de vidro que não desempenhavam qualquer tipo de função estrutural ou suporte, apenas de vedação.


Os arcos do transepto, que foram colocados para permitirem a permanência de grandes árvores existentes no parque, transformavam aquela enorme montanha de ferro e vidro numa elegante construção.
Foram envidraçados por mais de 80 homens, que fixaram 330000 placas de vidro.


As críticas tornaram-se frequentes. Havia dúvidas quanto à resistência da estrutura em caso de fortes rajadas de vento, ou mesmo debaixo de grandes tempestades.


Porém nada de grave aconteceu e no dia 1 de Maio de 1851 a exposição foi inaugurada pela rainha revelando-se um grande triunfo.


A construção do Palácio de Cristal ficou concluída em apenas 12 meses. Os princípios estabelecidos por Paxton no seu projecto revelaram-se verdadeiramente revolucionários e a arquitectura ia mudar. Muito.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fauvismo-Textos da aula de 20 de Abril (comentados) 1





Antes de passar a alguns dos textos da aula de 19 de Abril aconselho que cliques na etiqueta do "Fauvismo", aí ao lado, onde podes encontrar mais informação e reflexões sobre o tema.


"O pintor já não precisa de se preocupar com pormenores insignificantes; para isso está lá a fotografia que é melhor e mais rápida. - Já não cabe à pintura representar acontecimentos históricos; esses encontram-se nos livros. Temos da pintura uma opinião mais elevada. Ela serve ao artista para exprimir as suas visões interiores. Ver é já, em si, um acto criativo."

Henri Matisse

Estas palavras de Matisse colocam em equação algumas das questões essenciais da pintura Moderna.

Por um lado acentua o carácter independente da pintura em relação ao motivo que lhe dá origem. A representação da natureza transforma-se num simples pretexto para o pintor desenvolver o seu trabalho, materializando uma visão pessoal e interior. O acto de pintar já não assenta na reprodução do mundo visível segundo um conjunto de regras académicas pré-definidas, antes é resultado de um instinto artístico de fundamentos estéticos que permite ao artista "exprimir as suas visões interiores".

Por outro lado, ao declarar que "ver é já, em si, um acto criativo", Matisse abre a porta à ideia de que a visão pessoal e particular do artista é determinante, mas coloca também no olhar do espectador uma parte da responsabilidade na conclusão do trabalho artístico. Ou seja, o observador recria interiormente o objecto artístico filtrando-o no seu olhar.



"O esforço que é preciso para nos libertarmos das imagens fabricadas (através da fotografia, dos filmes e dos reclames), exige uma certa coragem e essa coragem é indispensável ao artista que deve ver tudo como se o estivesse a ver pela primeira vez. É preciso ser-se capaz de ver pela vida fora como quando em crianças víamos o mundo, pois a perda dessa capacidade de ver significa a perda de toda a expressão original"

Henri Matisse

Mais uma vez Matisse insiste na ideia de que o acto criativo deve ser originado por um estado de pureza estética apenas ao alcance de um olhar liberto de regras pré-concebidas. Quando somos crianças não encontramos entraves à nossa expressão individual. Se pedirmos a uma criança de 5 anos que desenhe uma girafa ela não hesita e desenha-a. Independentemente do aspecto que tiver o desenho, ali estará, inequivocamente, uma girafa. Se pedirmos a um adolescente de 15 anos que desenhe uma girafa, ele irá resistir à ideia declarando que "não sabe" desenhar uma girafa. O que mudou nesses 10 anos? Porque perdemos nós o instinto natural da sabedoria expressiva ao longo do processo de crescimento?

A resposta parece evidente; à medida que vamos crescendo e adquirimos mais informação sobre o mundo que nos rodeia, temos a impressão de que a representação que fizermos dele deve obedecer a um conjunto de regras de aproximação à "realidade", ou seja: construimos um modelo ideal de representação (académico) que passa pela semelhança formal entre o que representamos e aquilo que é representado, estabelecendo assim uma escala de valores com "certo" e "errado" nos seus extremos, conforme o resultado é visualmente próximo ou afastado desse modelo.
O que Matisse propõe é que recuperemos a capacidade de expressão original através de um processo criativo que combata as regras académicas e se fundamente num olhar descomprometido vendo "tudo como se estivessemos a ver pela primeira vez".




sábado, 18 de abril de 2009

Apontamentos da aula de 17 de Abril-4


Man Ray, Prenda, 1921
5ª parte
Síntese 2

Rupturas


Os grandes conflitos da primeira metade do século XX tiveram como causas principais o autoritarismo de alguns regimes, os exaltados nacionalismos que se vivam na maioria das nações europeias e as políticas imperialistas que muitas persistiam em manter.

Assim surgem sistemas totalitários que tendem a limitar as liberdades individuais o que provoca conflitos internos impossíveis de sanar.

Surge a reflexão sobre o papel da política, da sociedade, da economia, da técnica, da cultura, da religião e da arte no estabelecimento de valores universais, direitos e deveres do ser humano integrado numa sociedade para o desenvolvimento.

A emancipação da mulher conhece grande desenvolvimento.

Surgem novas linguagens artísticas.



Apontamentos da Aula de 17 de Abril - 3

Edvard Munch. O Grito. 1895. Litografia. 35.5 x 24.4 cm. Museu Munch , Oslo, Noruega.
4ª parte
Síntese 1

O homem psicanalisado




A primeira metade do século XX trouxe profundas mudanças na maneira de viver e de pensar em todo o mundo ocidental.

Em oposição ao positivismo e cientismo do século XIX e apoiado pelo relativismo (explicado por Einstein na sua Teoria), Freud passou a observar a relação entre a vida física e a psíquica, a vida orgânica e social, a actividade mental e a sexualidade.

Neste mundo de rupturas e transformações, a procura de identidade, a procura incessante do eu, era a grande questão.

Freud, médico, investigador e psiquiatra, procurou explicar o funcionamento da vida mental através de teorias que relacionaram a biologia, a psicologia e as ciências sociais e criaram um sistema de exploração do inconsciente a que chamou de psicanálise ou ciência do inconsciente.

A descoberta do inconsciente e da psicanálise ajudaram a alterar os padrões culturais, estéticos, educacionais, comportamentais e sexuais da civilização ocidental.
Também contribuíram para a produção e um diferente entendimento da arte abrindo espaço a explorações menos evidentes de temas e processos de representação inovadores e revolucionários.

A arte procura o indivíduo dentro de si próprio.

Apontamentos da aula de 17 de Abril-2


3ª parte
O Local

O cinema

A invenção do cinema é atribuída aos irmãos Lumiére.

Os irmãos Lumiére filmaram em 1894 e 1895 A saída dos Operários de uma Fábrica e O Grande Café Paris conseguindo finalmente realizar um sonho antigo: a captação de imagens em movimento.

A história revela-nos que, durante séculos, os artistas se esforçaram por desenvolver uma técnica de semelhança fazendo da pintura o primeiro processo de representação da realidade observável.

A fotografia foi o passo seguinte, aparentemente mais eficaz na sua capacidade de reprodução da realidade.

Ainda antes dos Lumiére, Muybridge construiu um aparelho que lhe permitiu fixar imagens de um cavalo a galope que foram consideradas como a primeira série cinematográfica.

“Kinetoscópio” - Invenção de Thomas Edison que consiste num gabinete com cerca de 15 metros de película enrolada em bobinas, que permitia a visualização de imagens em movimento através de um buraco.

O pioneiro do cinema encarado como indústria foi George Méliès que produziu inúmeros filmes de ficção onde desenvolveu engenhosos truques que lhe permitiram criar uma linguagem visual particular e específica.

Para lá de simples imagem em movimento, o cinema é um dos grandes testemunhos sociais e artísticos do século XX.
as hiperligações dão acesso a filmes no Youtube relacionados com os temas em análise

Apontamentos da aula de 17 de Abril

Lazlo Moholy-Nagy
The Law of Series (Das Gesetz der Serie) - 1925
fotomontagem (21.4 x 16.3cm)
Museu de Atre Moderna, Nova Iorque
2ª parte
O Espaço


Até à Primeira Grande Guerra a Europa dominara o mundo sob o ponto de vista político, económico, científico, tecnológico e demográfico.
Todavia, após as grandes guerras, a situação mudou radicalmente.

No período instável dos anos 20 e 30, mas principalmente após a 2ª Grande Guerra, muitos europeus abandonaram o continente, fugindo às perseguições políticas e raciais ou, simplesmente, em busca de melhores condições de vida.

O destino principal da emigração europeia era o continente americano, nomeadamente os Estados Unidos. Muitos destes emigrantes eram provenientes das classes médias e médias-altas e detinham bons níveis de formação cultural, académica e profissional (médicos, professores, cientistas, artistas…)

Os dirigentes americanos apostaram numa política de promoção e financiamento da cultura e da ciência, aprovando e mantendo programas de investigação científica nas mais variadas áreas.

Durante e após a Segunda Guerra muitos sábios alemães foram convidados pelos EUA a continuarem ali as suas pesquisas. Foi uma época de grande dinamismo científico que conferiu aos EUA a liderança mundial em termos industriais e de tecnologias de ponta o que se reflectiu na qualidade de vida das populações.

Algo semelhante aconteceu com a criação artística e intelectual. Logo após o fim da Primeira Guerra muitos foram os artistas europeus de vanguarda que viajaram definitiva ou temporariamente para os EUA.

Em pouco tempo os EUA tornaram-se berço de importantes correntes de pensamento artístico com origem na Europa e que para ali se deslocaram.
Isto originou o conceito de “cultura ocidental” que viria a espalhar-se com a ajuda dos meios de comunicação de massas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Apontamentos da aula de 15 de Abril


1905-1960
Da exposição dos Fauves à viragem dos anos 60

1ª parte
O Tempo




Entre 1914 e 1918 travou-se, essencialmente na Europa, a Primeira Grande Guerra.

A Primeira Guerra Mundial é considerada como um marco histórico no início do século XX. A partir desta Guerra estabeleceram-se novas correlações de forças no mundo, marcando o declínio da Europa e a ascensão dos EUA à condição de principal potência mundial. No dia 10 de Agosto de 1914, a França declarou guerra ao Império Austro-Húngaro dando início à Guerra.

Nesta guerra participaram as principais potências do mundo e foi, de certa forma, uma guerra civil europeia. A novidade nesta guerra é que foi travada entre potências industrializadas que utilizaram o desenvolvimento tecnológico no seu esforço bélico. O resultado foi devastador.

O saldo foi de mais de 19 milhões de mortos, dos quais 5% eram civis

Após a guerra, o mapa da Europa sofreu modificações significativas. Novos países surgiram e outros perderam território. A Alemanha ficou económica e militarmente arrasada enquanto os Estados Unidos despontavam como grande potência do século XX.Foi criada a Liga das Nações com o objectivo de resolver diplomaticamente problemas futuros entre as nações.As mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho já que muitos homens morreram ou ficaram mutilados.

Na Rússia a Revolução Soviética triunfara em 1917.

As democracias ocidentais passaram por enormes dificuldades. A guerra destruíra a economia. Uma inflação galopante e um desemprego dramático provocaram uma grande agitação social, incrementando o movimento operário, animado pelos partidos de esquerda.

Os Estados Unidos da América tinham expandido extraordinariamente a sua economia, tornando-se a maior potência mundial a todos os níveis, originando o mito do american way of life.

Contudo, em 1929, o crash da bolsa de Nova Iorque veio mostrar como a prosperidade do pós-guerra era frágil, provocando a Grande Depressão.


Na Europa, a Grande Depressão veio travar a recuperação económica, abrindo caminho a posições políticas e sociais de grande radicalismo que culminaram na tomada do poder por partidos autoritários, fortemente nacionalistas, que provocaram uma instabilidade insustentável.
Estava aberta a via que haveria de conduzir à Segunda Guerra Mundial entre 1939 e 1945.

Esta guerra, ainda mais destruidora que a anterior, terminaria de forma macabra com o lançamento de duas bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

Espaço de guerra e de desolação, atravessado por oscilações económicas e grandes mutações sociais, este tempo ficou marcado por uma profunda consciência dos limites da humanidade e da sua capacidade de auto-destruição.

O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início de um novo equilíbrio internacional. De um lado o mundo capitalista e liberal, liderado pelos EUA; do outro, o bloco comunista com a URSS à cabeça.

No caos político, social e económico que a guerra espalhou, os valores do pensamento racionalista, optimista e positivista do século XIX soavam a histórias para entreter criancinhas. A ciência e a tecnologia tinham, afinal, aplicações perigosas, capazes de pôr em causa a própria existência da espécie humana.

Instalaram-se entre os intelectuais o cepticismo, o relativismo, o sentido do absurdo, a crise de valores e a contestação sistemática e socialmente provocatória.

No Ocidente, a modernização dos modos de vida nas grandes cidades esteve na origem de uma cultura de massas em que a publicidade e a propaganda passaram a ser utilizadas no sentido de manipular e orientar os padrões culturais das populações.

Os principais veículos da massificação que então alastra no mundo capitalista foram (para além dos jornais) a rádio, o cinema e uma novíssima invenção que veio transformar definitivamente o panorama sociocultural: a televisão.

Assim, entre a massificação crescente e alienante da cultura e dos modos de vida e a velocidade a que as transformações se operavam, a arte ganhou para si própria um estatuto cada vez mais individualista e independente

A arte reivindicou autonomia e liberdade em relação à sociedade ou programas ideológicos e temáticos, declarando independência e ausência de limites na sua criação.

Ao questionar a sociedade, a arte questionou também o seu próprio papel no contexto social e as relações que estabelece com o público, repensando o papel e a figura do artista.

A crítica mordaz dos artistas chegou ao ponto de pôr em causa a essência da arte, revendo o conceito e a definição dos fenómenos artísticos, cuja delimitação se tornou cada vez mais imprecisa e complexa.