terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cerâmica Grega (A Cultura da Ágora 7)


Na evolução plástica da cerâmica grega consideram-se os seguintes estilos:
Geométrico
caracteriza-se pelos motivos geométricos e figuras esquematizadas
Arcaico
caracteriza-se pelas figuras pintadas a negro
Clássico
caracteriza-se pelas figuras vermelhas

Estilo Geométrico
Opção por motivos geométricos como base ornamental.
A partir do início do século VIII foram introduzidos elementos figurativos.
Eram silhuetas a negro, muito esquematizadas e estilizadas.
As peças atingiram proporções monumentais (por vezes mais de 1,5 metros de altura). Estas grandes peças destinavam-se a ser colocadas nos cemitérios com oferendas aos defuntos.

Estilo Arcaico
Os temas da cerâmica arcaica são maioritariamente figurativos.
A temática podia ir desde acontecimentos do quotidiano à ilustração de cenas mitológicas, passando por representações de feitos heróicos e proezas atléticas.
As figuras eram representadas com rosto de perfil, olho de frente, tronco de frente, ancas a três quartos e pernas de perfil.
O desenho, apesar de bidimensional, confere ás figuras grande expressividade e naturalidade.
Motivos geométricos e vegetais compõem a decoração das peças.

Estilo Clássico
Tal como acontece na escultura, também no desenho das figuras nos vasos cerâmicos, o período clássico (entre os séculos V e IV a.C.) marca o apogeu da capacidade de observação e representação.
Com pouco mais do que alguns traços, os artistas conseguem sugerir volume, perspetiva,  movimento, naturalidade e, consequentemente, algum realismo ás cenas representadas.
Este período evidencia uma grande liberdade criativa.
Grande parte destas peças de cerâmica eram assinadas pelos seus autores que assim se tornaram valiosas consoante a fama e a qualidade daqueles que as produziam. 

sábado, 10 de novembro de 2012

A escultura (A cultura da Ágora 6)




A escultura grega cumpriu funções religiosas, políticas, honoríficas, funerárias e meramente ornamentais.
A escultura grega  evoluiu ao longo dos séculos na forma como representou a figura humana.
Atletas, heróis e deuses foram esculpidos de acordo com conceções ideais de beleza e harmonia.
O templo era a morada e abrigo do Deus, local onde se colocava a sua imagem, à qual os fiéis não tinham acesso, pois os rituais eram realizados ao ar livre, ao seu redor .
Isso explica a maior preocupação com a decoração exterior do que com a interior.
A escultura está relacionada com a arquitetura, ocupando espaços, interiores ou exteriores, definidos pelas construções arquitetónicas.
O templo era a morada e abrigo do Deus, local onde se colocava a sua imagem.
A batalha entre os Lápitas e os centauros simboliza a luta entre a civilização e a força bruta.
No mito da Gigantomaquia é narrada a luta entre os deuses olímpicos e os gigantes.
Os deuses venceram estabelecendo a ordem e a harmonia que triunfam sobre o caos e a destruição.


Reconstituição da estátua original de Palas Atena da autoria de Fídias. Seria  feita em madeira, com 11 metros de altura e coberta de materiais preciosos.  A armadura e as vestes cobertas de ouro e a pele de marfim.
Esta estátua encontrava-se no interior do Pártenon. 


A evolução da arte grega divide-se em 3 períodos.
Arcaico – entre os séculos VII e V a.C., um longo período de procura e aprendizagem.
Clássico – entre os séculos V e IV a.C., período em que a arte atingiu a sua plenitude.
Helenístico  a partir do século IV, período em que a arte clássica grega entra em declínio.
A escultura arcaica é de nítida influência egípcia.
No entanto, a evolução na forma como representa o corpo humano é evidente e progressiva.
Este “kouros” em mármore com 1,85m de altura é a pedra tumular de um jovem que morreu novo ou em combate.
Apresenta uma série de caraterísticas que um século mais tarde serão a imagem de marca da escultura clássica.
A figura resulta de um minucioso trabalho de observação e tem pormenores (os cabelos, o colar, os joelhos, a musculatura) que mostram como os artistas gregos se inspiraram nas obras egípcias mas foram capazes de ir mais longe na representação do corpo humano.
Estas estátuas eram pintadas.
A época arcaica é um período de procura e aprendizagem.

O Doríforo de Policleto é um dos exemplos máximos da arte clássica grega.
Policleto concebeu e executou esta segundo regras precisas, estabelecendo um conjunto de regras para a representação ideal do corpo humano que registou numa obra (entretanto desaparecida) o “Kanon” de onde resulta a palavra “cânone*.
Regra, medida e serenidade.
Ao longo do período clássico a arte grega atingiu a sua plenitude.
*Cânone
1-Regra geral de onde se inferem regras especiais.2- Relação, tabela, padrão, norma. 3- lista de santos canonizados pela igreja católica.

A escultura do período helenístico  substitui o idealismo realista pelo naturalismo.
Os artistas passam a representar figuras ou cenas onde a serenidade clássica dá lugar a um realismo expressivo de caráter dramático e teatral.
Surgem os grupos escultóricos com composições extremamente dinâmicas sugerindo movimento e uma grande tensão formal.

domingo, 4 de novembro de 2012

O templo (a cultura da Ágora 5)



O artista grego cria uma arte em que predominam
o ritmo, o equilíbrio e a harmonia.
A arquitetura grega obedece a estes princípios básicos.
O templo é o símbolo máximo da arquitetura grega
onde são aplicados, com simplicidade e clareza, os princípios atrás enumerados. 


Em alçado era formado por uma base ou envasamento (plataforma que servia para nivelamento do terreno), por colunas (sistema de elevação e suporte do teto), pelo entablamento (elemento superior e de remate, constituído pela arquitrave, pelo friso e pela cornija, encimada pelo frontão triangular).

O teto de duas águas era coberto por telhas em barro.

A beleza carateriza-se por
harmonia, equilíbrio e graça que os artistas procuram representar respeitando os sentidos de simetria e proporção.

Ordens Arquitetónicas Gregas

O conceito de ordem está ligado a um sistema de proporções que harmonizava as partes do edifício em relação ao todo.
Era aplicado ao traçado da coluna e à relação entre a sua espessura e a sua altura totais.
Determinava ainda as proporções das partes que constituíam a coluna: base, fuste e capitel


O templo era a morada e abrigo do Deus, local onde se colocava a sua imagem, à qual os fiéis não tinham acesso, pois os rituais eram realizados ao ar livre, ao redor do templo (os fiéis apenas subiam ao templo para entregarem oferendas e realizarem sacrifícios).

Isso explica a maior preocupação com a decoração exterior do que com a interior. 

domingo, 28 de outubro de 2012

O Belo (A Cultura da Ágora-4)



 Vénus de Milo


O que carateriza algo que é belo?

O belo clássico define-se na arte grega com base num ideal de perfeição.

ideal
Que só existe na ideia; imaginário: formas ideais.
Em que há toda a perfeição que se pode conceber: mulher ideal.
Reunião abstracta de perfeições imaginárias ou que não podem ter realização completa.
(Lat. idealis)

“As principais formas de beleza são
a ordem, a simetria e a definição clara”
Aristóteles

Simetria s.f. Correspondência de posição, de forma, de medida em relação a um eixo entre os elementos de um conjunto ou entre dois ou mais conjuntos (…) Harmonia resultante de certas combinações e proporções regulares. (…)

A beleza carateriza-se por
harmonia, equilíbrio e graça que os artistas procuram representar respeitando os sentidos de simetria e proporção.

proporção

1. relação entre duas quantidades: a proporção entre as receitas e as despesas
2. equilíbrio entre elementos diversos: proporções harmoniosas

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Arte Grega - notas soltas (cultura da Ágora 3)



A arte grega clássica foi uma arte racional
e manifestou-se sob as mais variadas formas.
Da literatura à música,
da arquitetura à escultura,
da cerâmica à pintura,
legou-nos o teatro sob a forma de tragédia e de comédia.

Foi uma arte ao serviço da vida pública, expressão da comunidade e do homem/cidadão.

A grande inovação da arte grega é a introdução da observação do artista.
A arte deixa de ser um ato mecânico de reprodução de obras anteriores e passa
a ser encarada como ato criativo.

A criação artística resulta da observação.
O artista faz experiências e está sujeito a errar.
O erro permite aprender e melhorar o trabalho.
O artista exercita a sua criatividade.

A grande revolução da arte grega ocorreu na mesma época em que a ciência
(tal como hoje a entendemos) e a filosofia surgem pela primeira vez entre os homens
Nesta época também surgiu e se desenvolveu o teatro.
Foi no período em que a democracia ateniense atingiu o seu nível mais elevado
que a arte chegou ao apogeu.

O desenvolvimento do espírito humano e o exercício da inteligência necessitam
de um ambiente de liberdade de pensamento para poderem evoluir.

Sócrates exortava os artistas a representar a “atividade da alma”.
Para isso deviam observar o modo como “os sentimentos afetam o corpo em ação”.

O homem é a medida de todas as coisas.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mitologia e Racionalismo (cultura da Ágora 2)






Mitologia grega - é o conjunto de narrativas relacionadas com os mitos dos gregos antigos .

Um mito é uma narrativa simbólica e alegórica da vida dos deuses ou dos grandes enigmas da Natureza, considerados como revelações mágicas e obra de forças sobrenaturais.
O mito procura explicar a realidade, os fenómenos naturais, as origens do Mundo e do homem por meio de narrativas protagonizadas por deuses, semideuses e heróis.

 
Os gregos adoravam vários deuses (politeísmo);
Os deuses gregos são descritos como semelhantes aos seres humanos na forma (antropomorfismo) e nos sentimentos, paixões, defeitos e vícios;
São sempre jovens e belos (mais perfeitos do que qualquer ser humano) e são imortais;
Viviam em família, a maioria no Monte Olimpo, cerca de 30 mil deuses que intervinham na vida dos seres humanos e influenciavam as suas ações.
 
Havia também semideuses, filhos de mãe humana e pai divino (ou vice-versa) dos quais o mais famoso é Hércules, filho de Zeus e Alcmena. E homens que praticavam ações sobre-humanas que assim se tornavam heróis e, como tal, se tornavam imortais.

 
No século VI a.C., em certas colónias gregas, devido ao bem-estar económico e à vivência do ócio (considerado indispensável ao crescimento de um espírito reflexivo e crítico) surgiram alguns pensadores que procuraram explicações coerentes e racionais para as coisas do mundo.
Assim surgiu a Filosofia (amor pela sabedoria).
 Platão e Aristóteles consideram a razão como supremo bem do Homem, valorizam-no como ser racional e humanista convivendo com o pensamento mítico.
 (ver também Sócrates)
 
O racionalismo grego refletiu-se na arte, na política, na educação dos jovens e na própria religião.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A Cultura da Ágora (1)


Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica.

 
No século V a.C. Atenas representa o ponto mais alto de um tempo histórico e artístico da Grécia, a primeira civilização da Antiguidade Clássica  (Período da História que engloba a origem e o desenvolvimento das civilizações grega e romana. Vai desde o 1º milénio a.C. a 476 d.C. (aproximadamente 1500 anos), quando se dá a queda do Império Romano do Ocidente.) da qual somos herdeiros.

 
Após as Guerras Persas a Grécia viveu um tempo de paz.
Atenas (Principal cidade-estado da Grécia Clássica e capital da Grécia contemporânea) tornou-se o centro da Liga de Delos (Coligação militar organizada por Atenas que tinha como principal objetivo a defesa das cidades gregas contra os ataques persas) e caracterizou-se pelo seu peculiar modo de governação: a Democracia (é o nome dado a uma forma de governo adotada na antiga cidade de Atenas, considerada a matriz da democracia moderna.

Embora a democracia possa ser definida como "o governo do povo, pelo povo e para o povo", é importante lembrar que o significado de "governo" e "povo" na Atenas Antiga difere daquele das democracias contemporâneas. 

Enquanto a democracia contemporânea em geral considera o governo um corpo formado por representantes eleitos, e o "povo" (geralmente) como um conjunto de habitantes de uma nação, os atenienses consideravam o "governo" como sendo a assembleia (ekklesia) que tomava decisões diretamente (sem o intermédio de representantes) e o "povo" (geralmente) como os homens atenienses alfabetizados maiores de idade, os cidadãos.

As mulheres, os metecos (eram os estrangeiros residentes nas pólis gregas) e os escravos não faziam parte da ekklesia.).

 
"Em virtude do facto de o Estado ser administrado no interesse das massas e não duma minoria, o nosso regime [político] tomou o nome de Democracia.
(…) a todos, pelas leis, é garantida a igualdade (isonomia)
(…) cada um obtém a consideração [dos outros cidadãos] em virtude do seu mérito pessoal
(…) ninguém é prejudicado pela pobreza
(…) a liberdade é a nossa regra no governo da república
(…) sabemos conciliar o gosto do belo com a simplicidade, o gosto dos estudos com a energia
(…) somos os únicos a considerar o homem que não participa na vida pública como um inútil e não como um ocioso (...)"
Péricles, citado por Tucídides


Aula de 4 de outubro de 2012


A Democracia permitiu o desenvolvimento do pensamento e estimulou a criatividade.
Surgiram muitos artistas talentosos, filósofos e intelectuais.
Em Atenas os cidadãos têm a possibilidade de aprender, de pensar e de viver de um modo atuante e crítico num espaço de liberdade , confiança e prosperidade.