quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Teatro na Roma Antiga - 2 (módulo 2)


A produção teatral popular pode resumir-se em 3 géneros principais: a atelana (teatro popular muito apreciado na Roma antiga.  O nome deriva de Atela, cidade dos Oscos), o fescenino (Significado de Fescenino: Obsceno, licencioso, lascivo: poesia fescenina.) e o mimo.

Atelana – Farsa popular na Roma antiga, originalmente feita de improviso, que se distingue pela presença de personagens-tipo, geralmente mascaradas: o estúpido Maccus, o avarento Baccus, o parasita Dossenus, etc.
Estas personagens nunca variam ao longo de infinitas aventuras, como numa série de televisão.

Fescenino – foi menos duradouro do que as atelanas sobretudo pela sua temática política e a tendência a incluir elementos de sátira pessoal. A base da narrativa seria a poesia grosseira e obscena que os romanos importaram de Fescénia, cidade da Etrúria.

Mimotemática extremamente vulgar, quotidiana, citadina. Os actores representavam de cara descoberta, sem máscara. O mimo tornou-se a forma teatral preferida do povo romano. O público via-se reflectido, no actor sem máscara, como se olhasse um espelho.

A representação mímica foi  evoluindo . Terá tido uma estrutura dramática frágil e provavelmente passou de uma série de cenas cómicas, sem aparente relação entre si, para um espectáculo de variedades, incluindo canções, danças e striptease. Mas foi sempre dominado pela figura do actor-personagem.

Reflexão final

Um facto importante do ponto de vista histórico é que a ideia de teatro, em Roma, vai-se transformando e o espectáculo teatral passa a fazer parte do dia-a-dia.
Já não é exclusivamente associado a festividades religiosas ou ao debate civil e político, o teatro transforma-se em divertimento ou, como hoje dizemos, numa forma de lazer.

Assim, o teatro deixa de ser entendido apenas como instrumento cultural (de alta cultura, clássico) e passa a ser oferecido à plebe da mesma forma que os jogos desportivos e as lutas de gladiadores (cultura popular).


domingo, 18 de janeiro de 2015

O Teatro na Roma Antiga - 1 (módulo 2)


O público grego, quando assistia à representação de tragédias presenciava a reelaboração de mitos e histórias que constituíam o núcleo central da sua própria Cultura.

Em Roma, a herança desta tradição teatral, torna-se um tanto estranha para os cidadãos romanos. Só um público restrito, formado pelas elites culturais romanas, estava apto a compreender e interpretar as complexas questões dos deuses e heróis gregos.

Passa a existir uma cultura de origem grega, para as classes privilegiadas, (cultura erudita ou clássica) e outra para as classes mais desfavorecidas, que adapta os temas herdados da Grécia (baixa cultura ou cultura popular).

O teatro romano é, talvez, o primeiro exemplo desta divisão cultural que subsiste até aos nossos dias de forma muito vincada.

A literatura aristocrática (alta cultura) podia dirigir-se unicamente ao seu público, mais restrito. A produção teatral devia destinar-se a um público mais vasto uma vez que as representações teatrais constituíam um importante divertimento no quotidiano das populações.

Para conquistar a simpatia das massas populares, a representação teatral deveria tratar argumentos e ideias que fossem capazes de provocar emoções nas pessoas mais simples.
Para isso os autores romanos adaptavam os temas clássicos por forma a torná-los de mais fácil compreensão.

Nesse sentido a tragédia grega foi reelaborada transformando-se num espectáculo bem mais tenebroso e violento.

Partindo dos modelos helénicos, a máscara dos actores devia ser de grandes dimensões. 
Carantonha disforme, longos cabelos e altos penteados, a estatura exagerada por coturnos enormes, todo este aparato servia aos actores para compor as suas personagens.

A personagem foi ganhando um aspecto cada vez mais imponente chegando mesmo a tornar-se terrível.

As manifestações de dor e de cólera das personagens  ultrapassavam com frequência os limites do decoro, tornando-se atrozes, desenfreadas, assustadoras.
No palco desenrolavam-se, perante o olhar dos espectadores, episódios violentos, assassínios e suicídios, todo o tipo de atrocidades.

O encenador esforçava-se ao máximo para tornar os episódios cada vez mais cruéis para agradar ao gosto do macabro característico do povo de Roma.
As personagens faziam rir os espectadores ou então repugnavam-nos.


“Que espectáculo repugnante e terrível é aquele de um homem ataviado de modo a que a estatura fique desproporcionada, em cima de grandes socas e com uma máscara que ultrapassa a altura da cabeça e cuja boca está escancarada num grande bocejo, como se quisesse comer os espectadores. Para não falar dos chumaços do peito e do ventre que lhe conferem uma corpulência artificial e disforme”

Descrição de um actor trágico na época imperial feita por um espectador

Assim, a tragédia deixa de ser exclusivamente uma manifestação de alta cultura para se transformar em divertimento popular.

O povo mais simples e inculto entretém-se com aquele espectáculo grotesco havendo até quem desmaie de medo perante aqueles fantoches horrendos em que se tornaram os actores por baixo das suas personagens.

Da tragédia irá derivar um novo género de espectáculo que acaba por se identificar com ela.

Trata-se da pantomima. Um coro ou um cantor cantavam as passagens mais belas de conhecidas tragédias, enquanto um único actor mascarado interpretava todas as personagens.
Este actor representava as suas inúmeras mudanças de estado de espírito e de personagem recorrendo a um intenso e variado repertório gestual.

A atenção do espectador deixa de estar exclusivamente centrada no conteúdo da mensagem poética oral para se deslocar para a forma como o actor representa.

Podemos afirmar que na pantomima existe uma tradução literal da linguagem verbal para uma linguagem gestual.



A comédia teve uma história menos agitada.
A trama girava, normalmente, em torno de complicadas aventuras amorosas em que servos espertos inventavam imaginativos estratagemas para satisfazer os desejos de patrões velhos e estroinas.

As máscaras, as perucas e os trajes tinham como função uma representação tipificada da personagens. Através desses sinais o espectador percebia imediatamente se a personagem que entrara em cena era um servo ou um parasita, um sacerdote ou um espertalhão.

A figura central da comédia romana é o jovem. O mote da trama é, normalmente a sua vontade de satisfazer desejos mais ou menos urgentes.
Esta personagem usava uma máscara de traços delicados sem deformações cómicas.
O mesmo acontecia com a personagem da jovem.

No entanto as duas personagens entre as quais se dava o principal confronto, o servo e o velho, tinham traços exageradamente pronunciados.


ARTE em ROMA - algumas notas soltas (módulo 2)

Solidez
Utilidade
Beleza

Na escultura os romanos foram muito influenciados pelos gregos.
No entanto desenvolveram um carácter próprio, fundando um estilo original de narrativa nos relevos figurativos e fazendo a arte do retrato florescer a níveis de realismo e força expressiva nunca vistos. 

O espírito prático dos romanos leva-os a dar mais valor ao realismo emocional do que à representação da perfeição clássica.
É no retrato, normalmente em forma de busto, que os artistas romanos melhor respondem a este desejo conformidade entre a arte e a realidade.

Depois de um início sob a influência etrusca, a partir do período republicano os romanos adoptaram influências da arquitectura grega, com destaque para o modelo do templo grego, tipificado pela fachada com colunas e sustentando um frontão triangular.

A arquitectura é a arte que melhor expressa o génio romano,
materializando as ideias de
utilidade e grandeza, solidez, poder e força.

Pragmática e funcional, preocupou-se essencialmente com a resolução dos
aspectos  práticos e funcionais da arte de construir.

Os romanos desenvolveram 3 aspectos essenciais:
Grande variedade e plasticidade dos materiais utilizados;
Criação de novos sistemas construtivos tendo como elemento principal o arco redondo;
Desenvolvimento das técnicas e dos instrumentos de engenharia.

As construções públicas foram o tipo de arquitectura  em que os romanos melhor expressaram  o seu engenho técnico e originalidade estrutural.

Era usual que os poderosos, nomeadamente os imperadores, deixassem o seu nome associado a grandes melhoramentos públicos úteis  para o povo e para a qualidade de vida nas cidades.

Eram construções cada vez mais grandiosas destinadas à vida pública ou ao lazer e ao divertimento.

Basílicas, anfiteatros, teatros e termas são os exemplos de construções públicas.

As Basílicas eram edifícios multifuncionais.
Tanto serviam para albergar tribunais e cúrias como podiam funcionar enquanto termas, mercados ou até como palácios imperiais.

Eram edifícios que se caracterizavam por grandes espaços interiores cobertos destinados a albergar grandes grupos de pessoas.
Estas construções serviram mais tarde de base à concepção das igrejas cristãs.

Os anfiteatros foram as construções mais populares da arquitectura de lazer.
Eram de planta circular ou elíptica, sem cobertura, e erguiam-se à altura de 3 ou 4 andares.

O mais célebre foi o Anfiteatro Flávio, em Roma, mais conhecido pela designação de Coliseu devido às suas proporções colossais.


Os teatros eram inspirados nos dos gregos mas erguiam-se nas cidades. 

Octávio César Augusto (módulo 2)

Entre meados do século I a.C. e meados do século I d.C. foi a época de ouro  da civilização romana. Este período coincidiu em grande parte com o governo de Octávio César Augusto, o primeiro imperador.

Octávio acumulou poderes:
-o comando dos exércitos renovado pelo senado de 10 em 10 anos
-o direito de mandar reunir o senado e de vetar todas as suas decisões
-mais tarde conseguiu o direito de nomear os senadores
-controlou também o poder religioso

Todos estes poderes conferiram-lhe uma autoridade pessoal,
absoluta e de carácter quase divino dando início ao Culto do Imperador,
factor de propaganda e coesão política em todo o Império Romano.

Conseguiu ainda o direito de nomear ou designar o sucessor
(um filho ou, na falta deste, um sobrinho, um irmão, um protegido por adopção…)
Dando origem a que o poder imperial se tornasse dinástico.

A Eneida

O imperador Augusto encomendou a Virgílio a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder do Império Romano.

Um poema que além de rivalizar com a arte de Homero, cantasse também, indirectamente, a grandeza de César Augusto. 

Virgílio elaborou um trabalho que, além de toda a perfeição formal e conteúdo poético é, ainda, propaganda política .

A Eneida simboliza o poder do Império Romano sob o comando de Augusto.

Caio Júlio César (módulo 2)

Os 500 anos de existência da República Romana, que precederam o império, foram marcados por várias guerras civis.

Caio Júlio César 
(100 a.C. – 44 a.C.), foi um patrício, líder militar e político romano. Desempenhou um papel muito importante na transformação da República Romana  em Império Romano.

Júlio César teve uma complexa carreira política que o levou a ser nomeado governador de parte da Hispânia e, mais tarde, da Gália, que viria a conquistar na totalidade

As conquistas de Júlio César na Gália alargaram ainda mais o enorme poder e domínio de Roma. Este feito militar viria a ter consequências dramáticas na sua história pessoal bem como na história de toda a  Europa.

Cada vez mais rico e poderoso  Júlio César lutou numa guerra civil contra a facção conservadora do senado, cujo líder era Pompeu que viria a derrotar.

Com todo o mundo romano sob o seu controlo, César regressou a Roma onde foi cognominado Pater Patriae, pai da pátria.
Fez-se nomear ditador vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.

Pouco depois, César foi assassinado numa reunião do senado.
Entre os senadores que o mataram contavam-se os seus antigos protegidos Marco Júnio Bruto e Caio Longino Cássio.

Depois da morte de César, rebentou uma luta pelo poder entre o seu sobrinho-neto Octaviano (que Júlio César havia adoptado como filho no seu testamento), e Marco António, antigo aliado de César, que viria a resultar na queda da República e na fundação do Império Romano.


Octaviano haveria de tornar-se o primeiro imperador romano. 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Senado e República (módulo 2)

Através de um golpe de Estado, os patrícios conseguiram tomar o poder, criando a República, res publica, que significa “coisa pública” em latim.O controle sobre a República não era exercido por todos os habitantes, mas apenas pelos cidadãos patrícios.
Dessa forma, com o golpe de Estado, o Senado Romano passou a deter o poder político em Roma até o final da República, em 27 a.C.

A República Romana teve início em 509 a.C. a partir de uma revolta dos patrícios que tirou do poder a monarquia etrusca.

Durante o período republicano, Roma transformou-se de simples cidade-estado num grande império, voltando-se inicialmente para a conquista da península Itálica e mais tarde para a Gália e todo o mundo da orla do mar Mediterrâneo.

O Senado ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças, da administração pública e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. 
Esta fase da história romana vai até ao estabelecimento do Império em 27 a.C.

O Senado tornou-se a mais alta autoridade do Estado.

Os senadores exerciam o seu cargo que continuava a ter carácter vitalício.
Durante a República, o Senado romano fiscalizava e controlava: 
-a justiça,
-as finanças públicas,
-as questões religiosas 
e dirigia a política externa, incluindo a componente militar

cônsul era o magistrado supremo na República Romana.

Neste período, os cônsules, em número de dois, eram os mais importantes magistrados: comandavam o exército, convocavam o Senado, presidiam aos cultos públicos e, em épocas de "calamidade pública" (derrotas militares, revoltas dos plebeus ou catástrofes), indicavam o ditador que teria poderes absolutos por seis meses.

O ditador teria de ser aceite pelos membros do Senado.

Durante os primeiros dois séculos de sua existência, a república expandiu-se através de uma combinação de conquista e aliança, da Itália central para a península Itálica inteira.

No século seguinte, incluía parte do Norte da África e da Península Ibérica, Grécia, e do território que é hoje a França.

Mais tarde, no período de maior extensão do Império, viria a incluir grande parte do próximo e Médio Oriente, extensões significativas na Europa Central e do Norte e ainda a Britânia. 

O Senado e a Monarquia (Módulo 2)

Durante a Monarquia Romana (séculos VIII a VI a.C.), quando foi formado, o Senado tinha como função principal debater os assuntos públicos que interessavam aos habitantes da cidade.

Apesar do rei no período monárquico acumular as funções executiva, judicial e religiosa, era o Senado que tinha o poder de impor alguns limites ao poder régio, podendo vetar ou aprovar as leis apresentadas mas funcionava, principalmente, na qualidade de órgão de poder consultivo.

Principais poderes do rei durante a monarquia romana:
- Governo vitalício;
- O rei era considerado pelo povo como uma espécie de mediador dos deuses. Portanto, possuía autoridade religiosa;
- O rei também era o chefe judicial, detendo poderes absolutos sobre as leis;
- Na monarquia romana havia também o Senado e a Cúria, porém com poucos poderes políticos em comparação com os poderes reais;
- O monarca mantinha poderes militares, era o comandante supremo dos exércitos;
- O rei tinha também o poder de escolher e nomear os titulares dos cargos públicos.

O último rei de Roma foi Tarquínio, o Soberbo (534 a.C.-509 a.C.) que, por pretender reduzir a importância do senado na vida política romana, acabou expulso da cidade e também assassinado.


Através de um golpe de Estado, os patrícios conseguiram tomar o poder, criando a República, res publica, que significa “coisa pública” em latim. 

O Senado (módulo 2)

Senado romano (em latim: senatus) foi a mais importante assembleia política da Roma antiga.
No início, durante a monarquia, a origem dos senadores (vitalícios) dependia da sua riqueza e estatuto social.

O recrutamento era feito entre os patrícios (nobres de linhagem antiga e tradicional em Roma, proprietários de terras);  depois de 400 a. C., em pleno período republicano, passou a ser possível aos plebeus (comerciantes, artesãos e pequenos proprietários), em condições especiais, integrarem o Senado.

Senado Romano era um conselho de anciãos formado pelos chefes dos clãs que habitavam a cidade de Roma. Os clãs eram grupos de pessoas unidos por laços de parentesco, mas continham também escravos e clientes.

Estes últimos eram homens livres que viviam da prestação de serviços a esses clãs, obtendo deles protecção.

A pessoa mais velha desses clãs, o ancião, ou pater-famílias, era a pessoa que detinha a autoridade dentro dos clãs, controlando a propriedade familiar, incluindo os escravos. O ancião de cada clã era o escolhido para ser seu representante no Senado.


O termo latino senatus é derivado de senex, que significa "homem velho". Portanto, senado significa, literalmente, "conselho de anciãos".