O
renascimento das cidades criou também uma nova cultura popular, mais
profana* e humanista, que se fez notar primeiramente nas cidades. Foi uma
cultura essencialmente oral, gerada nas muitas festas e romarias que nessa
época se organizavam.
*Profano
adj. Que é
estranho, que não pertence à religião. / Que viola a santidade de coisas
sagradas. // Música profana, a que não é religiosa.
Era comum
fazerem-se procissões e representarem-se autos*, seguidos de danças e cantares
animados por menestréis*, jograis e artistas de circo que se exibiam nas ruas e
nas praças.
*Auto
s.m. Peça
teatral em forma poética, de origem medieval, que focaliza temas religiosos e
profanos. Criação essencialmente popular, apresenta uma linguagem que integra
vocabulário e expressões consagradas pelo povo. Divide-se em partes declamadas,
bailados e cantos, geralmente acompanhados por pequenos conjuntos musicais.
*Menestrel
s.m.
Músico-poeta ambulante da Idade Média.
Os textos
desses cantares eram poesias simples ditos na língua vulgar e acompanhados por
música. Falavam da amor ou brincavam com situações e figuras do quotidiano.
Assim surgiu o primeiro género das literaturas nacionais europeias: a poesia
trovadoresca (em Portugal as cantigas de amigo, de amor e de escárnio
e maldizer). Trovadores
profissionais levaram este género para os serões das cortes reais.
A época
gótica conheceu uma suavização dos costumes e das mentalidades, facto para o
qual a Igreja muito contribuiu, instituindo um novo código de cavalaria, que
fazia do guerreiro um paladino da paz e da justiça, em nome de Deus.
Os grandes e
poderosos da época, nobres e eclesiásticos, cultivaram o conforto e o luxo (na
habitação, no vestuário e na mesa) a par do prazer e da diversão.
Praticavam-se
jogos guerreiros (justas*, torneios e caçadas), que mantinham a actividade
física e das armas em tempo de paz, e faziam-se saraus* nos palácios, com
banquetes, bailes, declamação de poesia, sempre acompanhada por música e
representações teatrais.
*Justa
s.f. Combate
entre dois cavaleiros armados de lança. / Duelo, torneio.
*Sarau
s.m. Reunião
festiva, à noite, para dançar, ouvir música e conversar. / Reunião noturna, de
finalidade literária
Nos meios
cortesãos* começaram a gerar-se novas regras sociais, pautadas por uma
apresentação física mais cuidada e pela maior civilidade e cortesia no falar e
no agir.
*Cortesão
adj. e s.m.
Que ou aquele que pertence à corte; palaciano; Adj. Gracioso nas maneiras e
palavras, delicado, elegante. S.m. Aquele que procura agradar com lisonjas e
adulações. / Homem cortês e afável.
Cortesia
s.f.
Maneiras delicadas, urbanidade, civilidade, polidez, afabilidade: receber com
cortesia. / Saudação, cumprimento respeitoso; mesura. // Fazer cortesia com
chapéu alheio, mostrar-se pródigo à custa de outrem.
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