A partir do
século XII o mundo urbano renasceu na Europa, após séculos de ruralidade.
As cidades
voltaram a dinamizar a vida económica, social e cultural, enfraquecendo o poder
e a importância dos senhores feudais.
A cidade
As cidades medievais (ou burgos) eram sempre
espaços fechados, rodeados por muralhas. As suas portas eram vigiadas por
forças armadas e fechadas durante a noite. A partir do século XII, o
crescimento das populações fez transbordar os velhos burgos que se expandiram
para fora das muralhas.
Na maior
parte das cidades medievais o urbanismo era bastante confuso.
Estava dependente da topografia da zona e da localização de edifícios
importantes como as catedrais, os palácios urbanos ou as sedes das
Corporações.
Estes
edifícios localizavam-se normalmente em torno de grandes espaços livres – as
praças – a partir das quais se rasgavam as ruas onde se situavam as casas
de habitação. Estas ruas, estreitas e tortuosas, iam desembocar nas portas das
muralhas.
As praças
ocupavam um lugar de destaque. Eram os centros da vida quotidiana. Aí se
instalava o pelourinho* (símbolo da autoridade pública), o mercado e também se
realizavam as festas e os actos importantes da vida do burgo.
*pelourinho
s. m. Coluna de pedra, erigida em lugar público, junto à qual se expunham e castigavam os criminosos.
s. m. Coluna de pedra, erigida em lugar público, junto à qual se expunham e castigavam os criminosos.
A cidade era
um mundo barulhento e fétido, pois a maior parte das casas era de madeira e
colmo, sem água canalizada nem saneamento básico. Estas condições tornavam-na
insalubre* e facilitavam a ocorrência de incêndios e outras calamidades*
urbanas.
*Insalubre
adj. Que não
é salubre; doentio, prejudicial à saúde.
*Calamidade
s.f.
Desgraça pública, catástrofe, desastre: a fome, a guerra são calamidades.
Infortúnio que atinge uma pessoa ou um grupo de pessoas.
Infortúnio que atinge uma pessoa ou um grupo de pessoas.
A
Universidade
As cidades
com universidade tornaram-se centros culturais movimentados que atraiam
estudantes das mais variadas paragens.
Entre as
mais importantes universidades gerou-se um intercâmbio de mestres e alunos,
permitindo a circulação de ideias e de saber. Eram frequentadas por alunos
laicos*e eclesiásticos*, embora os professores (mestres) fossem membros do
clero.
*Laico
adj.
Característica do que ou daquele que não faz parte do clero; que não pertence a
instituição ou ordem religiosa: empresa laica; escola laica; Estado Laico.
*Eclesiástico
adj. Que
pertence à Igreja.
S.m. Homem dedicado ao serviço da Igreja.
S.m. Homem dedicado ao serviço da Igreja.
As universidades urbanas acabaram por suplantar
a importância cultural dos mosteiros da época românica. Estas escolas
ministravam um currículo que se iniciava pelo estudo
das Artes
ou Saberes, agrupadas em duas áreas: o trivium, constituído
pela Gramática, Retórica e
Dialética e o quadrivium que englobava a Aritmética,
a Geometria, a Música e a Astronomia.
Gramática
Conjunto de
princípios que regem o funcionamento de uma língua. A gramática orienta como as
palavras podem ser combinadas ou modificadas para que as pessoas possam
comunicar-se com facilidade e precisão.
Retórica
Filosofia.
Arte de bem falar, de valer-se da eloquência ou da argumentação clara
para se comunicar.
Retórica. Reunião de regras relativas à eloquência: a retórica era valorizada ao extremo entre os antigos.
Retórica. Reunião de regras relativas à eloquência: a retórica era valorizada ao extremo entre os antigos.
Dialética
Arte de argumentar
ou discutir.
Maneira de filosofar que procura a verdade por meio de oposição e conciliação de contradições (lógicas ou históricas).
Maneira de filosofar que procura a verdade por meio de oposição e conciliação de contradições (lógicas ou históricas).
Aritmética
Ciência que
estuda as propriedades elementares dos números racionais.
Geometria
Parte da
matemática que tem por objeto o estudo rigoroso do espaço e das formas (figuras
e corpos) que nele se podem conceber.
Música
Arte de
combinar harmoniosamente os sons; combinação de sons a fim de torná-los
harmoniosos e expressivos.
Astronomia
Ciência que
estuda a posição, os movimentos e a constituição dos corpos celestes.
Astronomia matemática, a que trata do cálculo das forças que atuam sobre os astros.
Astronomia física, a que estuda as condições físicas dos astros.
Astronomia matemática, a que trata do cálculo das forças que atuam sobre os astros.
Astronomia física, a que estuda as condições físicas dos astros.
Só após
estas aprendizagens o aluno podia seguir para as faculdades de grau superior
como Direito, Medicina e Teologia.
Direito
Complexo de
leis ou normas que regem as relações entre os homens.
Ciência que estuda essas normas.
Ciência que estuda essas normas.
Medicina
Ciência que
tem como objeto a conservação e o restabelecimento da saúde: estudante de
medicina; doutor em medicina.
Teologia
Estudo da
religião e das coisas divinas. A palavra vem do grego theos, que significa
Deus, e logos, descrição, e refere-se apenas à interpretação da doutrina de
Deus. Mas a teologia moderna abrange o estudo das várias religiões e a relação
entre religião e necessidades humanas.
A
Catedral*
A catedral
foi, nesta época, o símbolo das cidades e o motivo de orgulho dos seus
habitantes que participavam activamente na sua construção.
*Catedral
Igreja principal de um bispado ou arcebispado, onde a autoridade eclesiástica
tem sede.
Os mais
pobres participavam como artesãos ou serventes de vários ofícios, ofereciam a
força do seu trabalho. Os mais ricos (reis, bispos, nobres, mestres das
corporações e grandes mercadores) contribuíam com doações em dinheiro,
ofereciam a sua riqueza.
A catedral
era obra de todos, expressão da comunidade que se revia na sumptuosidade e
beleza do edifício, como se este fosse o reflexo da sua vitalidade.
A catedral
representava o poder político-religioso de reis, bispos e dos senhores das
cidades, os burgueses mais abastados e influentes.
Nesta época
desenvolvem-se e aplicam-se novos métodos construtivos, de acordo com as
intenções dos criadores das catedrais que hoje conhecemos pela designação de estilo
gótico.
Um imenso
espaço interior, elegância e luminosidade: a catedral gótica é a nova casa de
Deus.
Vista
interior da abside da Catedral de Colónia, na Alemanha.
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