quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Europa das cidades, das catedrais e das universidades (catedral 3)


A partir do século XII o mundo urbano renasceu na Europa, após séculos de ruralidade.
As cidades voltaram a dinamizar a vida económica, social e cultural, enfraquecendo o poder e a importância dos senhores feudais.

A cidade
 As cidades medievais (ou burgos) eram sempre espaços fechados, rodeados por muralhas. As suas portas eram vigiadas por forças armadas e fechadas durante a noite. A partir do século XII, o crescimento das populações fez transbordar os velhos burgos que se expandiram para fora das muralhas.

Na maior parte das cidades medievais o urbanismo era bastante confuso. Estava dependente da topografia da zona e da localização de edifícios importantes como as catedrais, os palácios urbanos ou as sedes das Corporações.

Estes edifícios localizavam-se normalmente em torno de grandes espaços livres – as praças – a partir das quais se rasgavam as ruas onde se situavam as casas de habitação. Estas ruas, estreitas e tortuosas, iam desembocar nas portas das muralhas.

As praças ocupavam um lugar de destaque. Eram os centros da vida quotidiana. Aí se instalava o pelourinho* (símbolo da autoridade pública), o mercado e também se realizavam as festas e os actos importantes da vida do burgo.

*pelourinho
s. m. Coluna de pedra, erigida em lugar público, junto à qual se expunham e castigavam os criminosos. 

A cidade era um mundo barulhento e fétido, pois a maior parte das casas era de madeira e colmo, sem água canalizada nem saneamento básico. Estas condições tornavam-na insalubre* e facilitavam a ocorrência de incêndios e outras calamidades* urbanas.

*Insalubre
adj. Que não é salubre; doentio, prejudicial à saúde.

*Calamidade
s.f. Desgraça pública, catástrofe, desastre: a fome, a guerra são calamidades.
Infortúnio que atinge uma pessoa ou um grupo de pessoas.

A Universidade
As cidades com universidade tornaram-se centros culturais movimentados que atraiam estudantes das mais variadas paragens.

Entre as mais importantes universidades gerou-se um intercâmbio de mestres e alunos, permitindo a circulação de ideias e de saber. Eram frequentadas por alunos laicos*e eclesiásticos*, embora os professores (mestres) fossem membros do clero.

*Laico
adj. Característica do que ou daquele que não faz parte do clero; que não pertence a instituição ou ordem religiosa: empresa laica; escola laica; Estado Laico.

*Eclesiástico
adj. Que pertence à Igreja.
S.m. Homem dedicado ao serviço da Igreja.

As  universidades urbanas acabaram por suplantar a importância cultural dos mosteiros da época românica. Estas escolas ministravam um currículo que se iniciava pelo estudo
das Artes ou Saberes, agrupadas em duas áreas: o trivium, constituído pela Gramática, Retórica  e Dialética e o quadrivium que englobava a Aritmética, a Geometria, a Música e a Astronomia.

Gramática
Conjunto de princípios que regem o funcionamento de uma língua. A gramática orienta como as palavras podem ser combinadas ou modificadas para que as pessoas possam comunicar-se com facilidade e precisão.
Retórica
Filosofia. Arte de bem falar, de valer-se da eloquência ou da argumentação clara para se comunicar.
Retórica. Reunião de regras relativas à eloquência: a retórica era valorizada ao extremo entre os antigos.
Dialética
Arte de argumentar ou discutir.
Maneira de filosofar que procura a verdade por meio de oposição e conciliação de contradições (lógicas ou históricas).
Aritmética
Ciência que estuda as propriedades elementares dos números racionais.
Geometria
Parte da matemática que tem por objeto o estudo rigoroso do espaço e das formas (figuras e corpos) que nele se podem conceber.
Música
Arte de combinar harmoniosamente os sons; combinação de sons a fim de torná-los harmoniosos e expressivos. 
Astronomia
Ciência que estuda a posição, os movimentos e a constituição dos corpos celestes.
Astronomia matemática, a que trata do cálculo das forças que atuam sobre os astros.
Astronomia física, a que estuda as condições físicas dos astros.

Só após estas aprendizagens o aluno podia seguir para as faculdades de grau superior como Direito, Medicina e Teologia.

Direito
Complexo de leis ou normas que regem as relações entre os homens.
Ciência que estuda essas normas.
Medicina
Ciência que tem como objeto a conservação e o restabelecimento da saúde: estudante de medicina; doutor em medicina.
Teologia
Estudo da religião e das coisas divinas. A palavra vem do grego theos, que significa Deus, e logos, descrição, e refere-se apenas à interpretação da doutrina de Deus. Mas a teologia moderna abrange o estudo das várias religiões e a relação entre religião e necessidades humanas.

A Catedral*
A catedral foi, nesta época, o símbolo das cidades e o motivo de orgulho dos seus habitantes que participavam activamente na sua construção.

*Catedral Igreja principal de um bispado ou arcebispado, onde a autoridade eclesiástica tem sede.

Os mais pobres participavam como artesãos ou serventes de vários ofícios, ofereciam a força do seu trabalho. Os mais ricos (reis, bispos, nobres, mestres das corporações e grandes mercadores) contribuíam com doações em dinheiro, ofereciam a sua riqueza.

A catedral era obra de todos, expressão da comunidade que se revia na sumptuosidade e beleza do edifício, como se este fosse o reflexo da sua vitalidade.

A catedral representava o poder político-religioso de reis, bispos e dos senhores das cidades, os burgueses mais abastados e influentes.
Nesta época desenvolvem-se e aplicam-se novos métodos construtivos, de acordo com as intenções dos criadores das catedrais que hoje conhecemos pela designação de estilo gótico.

Um imenso espaço interior, elegância e luminosidade: a catedral gótica é a nova casa de Deus.
Vista interior da abside da Catedral de Colónia, na Alemanha.



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