Peste
negra é a designação pela qual ficou conhecida, durante a Idade Média,
a pandemia* de peste bubónica que assolou
a Europa durante o século XIV e dizimou entre 25 e 75
milhões de pessoas (este número representa um terço da população da época).
*pandemia
(grego pandemía, -as, o povo inteiro)
s. f. Surto de uma doença com distribuição geográfica muito alargada.
(grego pandemía, -as, o povo inteiro)
s. f. Surto de uma doença com distribuição geográfica muito alargada.
Trazida do
Oriente, teve o seu primeiro porto de entrada em Messina, na Itália, através
dos barcos de comércio. O portador da doença terá sido a pulga do rato preto,
originário da Ásia.
As pessoas
infectadas (por picada ou por via oral) manifestavam sintomas invulgares que
começavam por pequenas manchas negras à volta de cada picada de pulga, gânglios
inflamados no pescoço, nas axilas e nas virilhas, febres altas, calafrios e
enjoos.
A progressão
da doença era de tal ordem que, num ou, no máximo, em dois ou três dias, o
doente morria.
Uma das
maiores dificuldades era dar sepultura aos mortos:
"Para
dar sepultura à grande quantidade de corpos já não era suficiente a terra
sagrada junto às Igrejas; por isso passaram-se a edificar igrejas nos
cemitérios; punham-se nessas Igrejas, às centenas, os cadáveres que iam
chegando; e eles eram empilhados como as mercadorias nos navios".
Em Avignon,
na França, vivia Guy de Chauliac, o mais famoso cirurgião dessa época. Ele
sobreviveu à peste e deixou o seguinte relato:
“ A doença
era tão contagiosa que se propagava rapidamente de uma pessoa a outra; o pai
não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a caridade desaparecera por
completo".
E continua:
“Não se
sabia qual a causa desta grande mortandade. Em alguns lugares pensava-se que
os judeus haviam envenenado o mundo e por isso os mataram”.
“No ano
do Senhor de 1349 (…) Os vivos mal chegavam para enterrar os mortos (…) Mas,
coisa temerosa de ouvir, os cães, os gatos, os galos e as galinhas e todos os
animais domésticos sofriam a mesma sorte. (…) A este mal acrescentou-se outro:
correu o rumor que certos criminosos, particularmente judeus, deitavam nos rios
e nas fontes venenos que faziam engrossar a peste. Por isso, tanto cristãos
como judeus inocentes foram queimados, mortos, quando é certo que tudo aquilo
provinha da constelação ou de vingança divina*.”
Papa Clemente VI, Prima Vita
* Os fracos conhecimentos científicos
não permitiam aos nossos antepassados compreender a origem da doença.
“Digamos
antes de mais que a causa longínqua e primeira deste peste foi e é ainda alguma
constelação celeste (…) a qual conjunção dos astros, com outras conjunções e
eclipses, causa real da corrupção mortífera do ar que nos rodeia, pressagia a
mortalidade e a fome.
Não
podemos deixar de dizer que, quando a epidemia procede da vontade divina, não
temos outro conselho a dar que o de recorrer humildemente a essa vontade, sem
desprezar contudo as prescrições do médico.”
Opinião da
Faculdade de Paris da época
Outras
reacções irracionais foram as manifestações de expiação que se multiplicaram um
pouco por todo o lado.
“Em 1349,
pelo São Miguel, mais de 600 homens vieram da Flandres a Londres (…) onde se
mostravam solenemente duas vezes por dia, vestidos somente da cintura aos
tornozelos (…). Cada um tinha na mão direita um chicote com 3 pontas e, em cada
uma delas, um nó com pregos aguçados. Marchavam em fila e batiam os seus corpos nus e em sangue (…).”
R.
d’Avesbury, Vida de Eduardo III
Os médicos e
os farmacêuticos desconheciam as causas da doença e não sabiam como tratá-la.
Julgavam que se estivessem totalmente vestidos, com luvas, botas e uma máscara,
semelhante à cabeça de uma ave, estariam imunes.
Prevenção
Evitar o
contacto com roedores e erradicá-los das áreas de habitação é a única protecção
eficaz. O vinagre foi utilizado na Idade Média, já que as pulgas e as
ratazanas evitam o seu cheiro.
A peste é de
comunicação obrigatória às autoridades.
Tratamento
Os antibióticos revolucionaram
o tratamento da peste, tornando-a de agente da morte quase certa em doença
facilmente controlável.
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