sábado, 18 de maio de 2013

A Cultura da Catedral (1) Aspectos gerais


No século XII, a Europa feudal conheceu um lento crescimento económico.
O desenvolvimento das técnicas e processos agrícolas* permitiram uma produção excedentária o que levou a um crescimento demográfico com vantagens para as condições de vida da população.

*afolhamento, adubagem, alfaias de ferro, moinho de vento e de água, etc

A indústria e o comércio voltaram a desenvolver-se e deu-se o reaparecimento das feiras que impulsionaram o crescimento das cidades.
Tudo isto contribuiu para o aparecimento de uma economia de mercado, onde a circulação da moeda, a movimentação dos produtos e o poder de compra, especialmente da elite aristocrática, permitiram o nascimento de uma economia monetária e capitalista.

É neste contexto que surgem os cambistas e os bancos privados que, com várias filiais em diferentes países, recebiam depósitos, faziam empréstimos, realizavam operações de câmbio (cheques e letras), que facilitavam as trocas comerciais e evitavam o transporte de moeda.

Esta expansão capitalista provocou grandes alterações sociais e políticas. A burguesia (os habitantes dos burgos ou cidades) cresceu, tornou-se mais culta e procurou deliberadamente o lucro e o enriquecimento.
Os burgueses uniram-se em organismos profissionais – as corporações ou mesteres de artes e ofícios para os artesãos e as guildas ou hansas, para os comerciantes.

Os reis encontraram na burguesia um importante aliado. Concederam às suas organizações estatutos jurídicos próprios em troca do apoio dos burgueses à centralização do seu poder.
A esta emancipação da burguesia juntou-se a emancipação das próprias cidades que se libertaram do poder dos senhores feudais.

Apoiando habilmente a luta da burguesia contra a aristocracia, a pessoa do rei aliou-se à igreja e impôs o seu papel de herdeiro e representante de Deus na Terra, de garante da paz pública, de centralizador do poder político e administrativo e de juiz - foi o despertar da realeza.

As sociedades europeias da época organizaram-se sob diferentes regimes políticos: monarquias hereditárias (reinos de Portugal, Leão, Castela, França, Inglaterra…), estados teocráticos (Sacro Império Romano-Germânico, Estado Papal), principados e repúblicas governados por elites aristocráticas ou burguesas na Itália e as cidades-Estado do norte da Alemanha e da Holanda.

Mas o crescimento da Europa medieval conheceu períodos de grandes dificuldades. Vários factores contribuíram para uma séria recessão económica em meados do século XIV (alteração dos preços dos cereais, crescimento urbano desequilibrado e consequentes fomes).


Mas foi a Peste Negra, trazida do Oriente, que provocou a maior quebra demográfica pois matou entre um terço a metade da população europeia. Provocou o pânico que, a par das guerras e da desorganização produtiva esteve na base de inúmeras revoltas populares.


A Europa só viria a recuperar desta depressão no início do século XV devido ao maior dinamismo produtivo da Itália e da Flandres e, posteriormente, à abertura marítimo-comercial feita por portugueses e espanhóis. 


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