A definição de auto é problemática já que, na época medieval, o
vocábulo foi tomado como sinónimo de qualquer peça de teatro. Um auto poderia denominar uma farsa, uma moralidade, um mistério, um milagre,
uma tragicomédia etc.
O auto seria, na maior parte das vezes, um espectáculo de curta
duração.
A temática tanto poderia desenvolver um assunto religioso quanto um
assunto profano.
Na sua origem, os autos estiveram relacionados, sobretudo, com a
encenação de “quadros edificantes tirados da Bíblia, sendo os mais antigos os
autos de Natal e de Páscoa”
Encenados, de início, no interior dos templos religiosos, depois, junto
às suas portas de entrada e pátios, só posteriormente a representação dos autos
passou a acontecer em espaços menos “sagrados”, como as feiras, os mercados e
as praças públicas.
É nesses cenários, que os autos constituem um género dramático de
feição nitidamente popular.
Saindo da esfera da igreja, é normal que os autos também começassem a
tratar de assuntos mais profanos.
Os autos não separavam com nitidez temas religiosos e profanos.
Havia dramatizações nas quais eram misturados elementos sagrados e
seculares, cómicos e devocionais.
A dramaturgia de Gil Vicente (1465?-1537?), pretenderia “ligar-se à
busca de compatibilização do riso, da alegria e da naturalidade com a fé”
As personagens dos autos são pouco complexas. Podemos considerá-las
enquanto tipos ou caricaturas.
Muito do humor dos autos é conseguido pela tipicidade das personagens
evidenciada pelo seu aspecto, pela sua linguagem e pela sua atitude física.
Existe espaço ainda para personagens alegóricas.
O cenário, quando existia, era extremamente simples. Poucas eram as
marcações teatrais dos textos.
A farsa é uma categoria genérica que engloba peças curtas,
normalmente num só acto e, a maior parte das vezes, sem divisão cénica.
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