O homem encontrou uma forma de escapar à passagem do tempo
traduzindo a memória das suas experiências em palavras.
Entre as mais duradouras criações da cultura grega
encontra-se a sua mitologia ligada aos deuses.
O mito de Narciso
Segundo a mitologia existia uma ninfa bela e graciosa tão
jovem quanto Narciso, chamada Eco e que amava o rapaz em vão. A
beleza de Narciso era tão grande que ele pensava ser semelhante a um deus,
senhor de uma beleza comparável à de Dionísio e Apolo.
Com olhos apenas para si próprio, Narciso rejeitou a afeição
de Eco de tal modo que esta, desesperada, definhou, até se transformar apenas
num sussurro débil e melancólico.
Para dar uma lição ao frívolo rapaz, a deusa Némesis condenou
Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco.
Encantado pela sua própria beleza, Narciso desinteressou-se
de tudo o mais, e permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face
refletida.
Assim morreu.
Quando as ninfas foram buscar o corpo do rapaz apenas
encontraram uma flor no seu lugar que passou a ser designada por narciso.
Hércules
Certos estudiosos acreditam que, por trás das complexas
histórias que envolvem o mito de Hércules, existiu um homem verdadeiro, talvez
um senhor de Argos.
Outros sugerem que o mito de Hércules (e os seus doze
trabalhos) é uma alegoria da passagem anual do sol pelas
doze constelações do zodíaco.
A tradição afirma que Hércules foi fruto da união de Zeus
com a mortal Alcmena.
Enquanto o marido de Alcmena estava na
guerra, Zeus tomou a sua forma para a enganar.
Hera, a esposa de Zeus, furiosa pela traição do marido,
enviou serpentes para matarem o bebé no seu berço. Mas Hércules, filho do deus
dos deuses, esmagou as serpentes com a sua força prodigiosa.
Os doze trabalhos
Os doze trabalhos de Hércules são uma série
de episódios ligados entre si por uma narrativa contínua, relativa a uma
penitência que teria sido cumprida por um dos maiores heróis gregos. Hércules
assassinou a sua esposa, Mégara e os seus três filhos, num acesso de
loucura provocado por Hera.
Como penitência, Hércules deveria executar uma série de
trabalhos, e servir Euristeu ao longo de doze anos. Uma vez cumprida esta
penitência, Hércules tornar-se-ia imortal.
1. Hércules estrangulou o Leão da
Nemeia - filho dos monstros Ortros e Equidna - que devastava
a região e que os habitantes do local não conseguiam matar.
O herói estrangulou-o
e, acabada a luta, arrancou a pele do animal com as suas próprias mãos e
passou a utilizá-la como peça do vestuário. A criatura converteu-se na
constelação de leão.
2. Matou a Hidra de Lerna, filha monstruosa
de duas criaturas grotescas, a Equidna e Tifão. Era uma serpente
com corpo de dragão e possuía nove cabeças que, mal eram cortadas, exalavam um
vapor que matava quem estivesse por perto.
Hércules matou-a cortando
–lhe as cabeças enquanto Iolau, sobrinho do herói, impedia a sua reprodução
queimando as feridas com tições em brasa.
3. Alcançou correndo a Corça de Cerineia,
um animal lendário, com chifres de ouro e pés de bronze. A corça, que
corria com assombrosa rapidez e nunca se cansava,
era Taígete, ninfa que, para fugir à perseguição
de Zeus foi transformada por Ártemis no animal. Como ela
tinha uma velocidade insuperável, Hércules perseguiu-a incansavelmente durante
um ano até que, exausta, foi atingida por uma flecha disparada pelo herói.
Ferida levemente, foi levada nos ombros do herói até o reino de Euristeu.
4. Capturou vivo o Javali de Erimanto, que
devastava os arredores, ao fatigá-lo após uma perseguição que durou horas.
5. Limpou em apenas um dia os currais do
rei Aúgias, que continham três mil bois e que há trinta anos não eram
limpos. Estavam tão fedorentos que exalavam um gás mortal. Para cumprir reste
trabalho, Hércules desviou dois rios.
6. No lago Estínfalo matou, com as suas
flechas envenenadas, monstros cujas asas, cabeça e bico eram de ferro, e que,
pelo seu gigantesco tamanho, interceptavam no vôo os raios do Sol.
7. A sétima tarefa de Hércules foi levar
o Touro de Creta vivo até Euristeu. O touro era muito bravo e
aterrorizava o povo da ilha. Hércules capturou-o e, montado no animal,
levou-o até Euristeu.
8. Castigou Diómedes (rei da Trácia),
possuidor de cavalos que vomitavam fumo e fogo,
a quem ele dava a comer os estrangeiros que as tempestades arrolavam à
sua costa. O herói entregou-o aos seus próprios animais que o devoraram.
9. Venceu as amazonas numa terrível batalha
após matar a rainha Hipólita, apossando-se do cinturão mágico que ela
vestia como lhe fora ordenado por Euristeu.
10. Matou o gigante Gerião, monstro de
três corpos, seis braços e seis asas, e tomou-lhe os bois que se achavam
guardados por um cão de duas cabeças, e um dragão de sete. Após uma série de
peripécias conseguiu levar o gado roubado a Euristeu.
11. O seu décimo primeiro trabalho foi colher as
maçãs de ouro do Jardim das Hespérides. As maçãs haviam sido um
presente de casamento oferecido por Hera a Zeus. Este trabalho haveria de ser
impossível de realizar!
O herói propôs a
Atlas substituí-lo na tarefa de sustentar às costas o céu e a terra. Atlas, que
detestava ter de sustentar o universo por toda a eternidade, aceitou e foi ele
quem matou o terrível dragão de 100 cabeças que guardava as maçãs.
12. O último trabalho consistiu em trazer
do mundo dos mortos o seu guardião, o cão Cérbero.
Hades autorizou-o a levar Cérbero para a Terra sob a
condição de conseguir dominá-lo sem usar armas. Hércules lutou com a força dos
seus braços dominando a terrível fera.
Após apresentar a besta a Euristeu, Hércules devolveu-a às
profundezas do seu mundo subterrâneo.
Hércules tornou-se um dos mais populares heróis de toda a
cultura Ocidental.
Ao longo dos séculos as suas aventuras serviram de
inspiração e exemplo a gerações de jovens sonhadores.
A força e o engenho são as características principais do
herói que se tornou imortal.
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