Giorgio De Chirico,
A Canção do Amor, 1914
óeo sobre tela, 73X59,3cm
Figura 2
René Magritte,
Tentando o Impossível, 1928
óleo sobre tela, 105X82cm
«O pintor belga René Magritte (1898-1967), quando viu pela primeira vez uma reprodução dessa pintura (A Canção do Amor, figura 1), sentiu, como escreveu depois, "que ela representava uma completa ruptura com os hábitos mentais de artistas que são prisioneiros do talento, do virtuosismo e de todas as especialidades estéticas: era uma nova visão(...)". Magritte seguiu essa direcção ao longo da maior parte da sua vida, e muitas das suas imagens oníricas, pintadas com meticulosa precisão e expostas com títulos intrigantes, são memoráveis precisamente porque inexplicáveis. A obra reproduzida na figura 2, pintada em 1928, chama-se Tentando o Impossível. (...) foi o pressentimento de que havia um logro na exigência de que os artistas meramente pintassem o que viam que os orientou para uma renovada experimentação. O artista de Magritte (trata-se de um auto-retrato) tenta a tarefa típica das academias, a pintura do nu, e apercebe-se de que não está a copiar, mas sim a criar uma nova realidade, tal como sucede nos nossos sonhos. Mas como o fazemos, não o sabemos.»
A História da Arte, H. E. Gombrich, ed. Público, páginas 589-590
O texto reforça a ideia de que a arte não copia a natureza, antes acrescenta ao conjunto das coisas existentes uma outra natureza que obedece a regras próprias que geram fenómenos específicos.
A natureza artística assume a sua independência. Uma pintura não é "a" realidade mas sim "outra" realidade. Isto é válido no universo mental dos surrealistas, mas também dos abstraccionistas, dos cubistas, enfim, torna-se um paradigma insofismável e abre caminho à libertação absoluta da arte e dos artistas.
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