domingo, 15 de outubro de 2006

Pintura barroca 1 (apontamentos)

Caravaggio, São Mateus 1602, versão rejeitada

Até finais do século XVI foram os próprios artistas a teorizar sobre o seu trabalho. Eram, no entanto, os intelectuais da época quem se responsabilizava pelas iconografias a desenvolver nas pinturas.
Os pintores eram vistos mais como executores do que como criadores originais e independentes, excepção feita aos grandes mestres (Leonardo de Vinci, Rafael, Miguel Ângelo, Tintoretto, para dar alguns exemplos).

No século XVI entram em cena os teólogos uma vez que a pintura era vista na Europa católica como um veículo de propaganda para os ideais da Contra-Reforma e se tornava necessário garantir que as obras produzidas não se afastavam da doutrina oficial.

A figura do "crítico" de arte afirma-se também nesta época. São geralmente homens cultos que desenvolvem um discurso sore as características do belo e da qualidade da pintura sem, no entanto, exercerem essa actividade. Esta atitude constitui uma novidade no século XVI.
Estes críticos puseram por escrito regras válidas e temas considerados dignos, criando assim um modelo ideal para a obra pictórica. A partir daqui toda e qualquer obra produzida passava a ter um termo de comparação e avaliação que, caso não fosse respeitado, levaria à recusa da obra com todas as implicações daí decorrentes.

Esta espécie de censura passou a ser comum e podemos considerá-la como um passo em direcção aquilo que iremos designar como "academismo".

Em 1582 uma publicação intitulado "Discurso" de um tal Cardeal Paleotti impunha a ideia da necessidade de um controlo político das imagens sacras. Por oposição a um certo tom liberal que vinha do período maneirista, o designado período barroco tornava-se muito mais controlador em matéria de pintura religiosa.

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