segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A Cultura da Gare: 6 - Romantismo: notas soltas

O adjetivo "Romantic" é de origem inglesa, e deriva do substantivo "romaunt", de origem francesa ("roman" ou "romant"), que designava os romances medievais de aventuras.
Depois a palavra generalizou-se e passou a designar tudo aquilo que evocava a atmosfera desses romances (cavalaria e Idade Média, em geral).

Dom Quixote de la Mancha é um livro escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616).
D. Quixote é uma paródia aos romances de cavalaria que gozaram de imensa popularidade.
Nesta obra, a paródia apresenta uma forma invulgar.
O protagonista entrega-se à leitura desses romances, perde o juízo, acredita que tudo aquilo aconteceu, de facto, e decide partir à aventura.
Assim, parte pelo mundo para viver o seu sonho: tornar-se um cavaleiro andante.
Enquanto narra os feitos do Cavaleiro da Triste Figura, Cervantes satiriza as histórias fantasiosas daqueles heróis.
A história é apresentada sob a forma de novela realista.
Em Maio de 2002, o livro foi escolhido como a melhor obra de ficção de todos os tempos.

A substituição das monarquias absolutas (apoiadas pela igreja) por uma nova ideia, a do estado-nação, vai ganhando forma na Europa depois da Revolução Francesa.

O Romantismo irá contribuir para a afirmação deste novo conceito sociopolítico, que marca a ascensão da burguesia enquanto classe social, através da criação de um imaginário que justifique os ideais nacionalistas.

A recuperação do passado (medievalismo) e do imaginário popular (folclore) são ferramentas importantes na construção das novas identidades nacionais europeias.

Medievalismo:
Há um grande interesse dos artistas do romantismo pelas supostas origens do seu país, do seu povo.
Procuram numa Idade Media ficcionada alguns valores fundamentais para assim criarem uma identidade comum que justifique a existência e a fidelidade a uma nação ideal.
O herói romântico é um paladino que luta sempre do lado do Bem e da Justiça, protege os fracos e os oprimidos, castiga os malvados sem dó nem piedade.

Algumas ideias feitas sobre o Romantismo:
Subjetivismo:
O artista do romantismo quer retratar na sua obra uma realidade interior e parcial. Trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia.
Idealização:
Motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista do romantismo passa a idealizar tudo; as coisas são por ele interpretadas segundo uma óptica pessoal.
Assim:
a pátria é sempre perfeita;
a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível;
o amor é quase sempre espiritual e inalcançável.
Sentimentalismo ou saudosismo:
No romantismo exaltam-se os sentidos e tudo o que é sugerido de forma impulsiva. Certos sentimentos como a saudade (saudosismo), a tristeza, a nostalgia e a desilusão são constantes na obra romântica.
O conceito de sublime na arte é valorizado.
Diante de uma tempestade ou de uma sinfonia de Beethoven, o sentimento seria da ordem do sublime, mais que do belo.

Nascido da vontade de exprimir o inexprimível, o gosto pelo sublime prevalece sobre o gosto pelo belo. 

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