terça-feira, 18 de outubro de 2016

A Cultura da Gare: 5 - Neoclassicismo e Romantismo - Ordem e Emoção (1)



As revoluções políticas, económicas e sociais que analisámos foram acompanhadas de novas ideias relativamente à relação do Ser Humano com a Natureza e na forma como essa relação se materializa em manifestações artísticas.

Num período de tempo compreendido entre o final do século XVII e início do século XVIII, acompanhando o desenvolvimento técnico e científico que esteve na base da 1ª Revolução Industrial, estabeleceu-se a arte Neoclássica.

O Neoclassicismo procurou um tipo de concepção artística que favorecia a simplicidade e a clareza na busca de formas essenciais (de acordo com o espírito científico e o Iluminismo).
Foi uma arte regrada e, de algum modo, severa, procurando equilibrar o virtuosismo técnico com uma certa idealização da realidade (das formas e dos factos).

A arte neoclássica inspirou-se na antiguidade greco-romana e foi uma arte programática, enaltecendo as qualidades sociais, políticas e éticas de um mundo burguês em ascensão.
As obras neoclássicas eram como que espelhos de virtude, nos quais os cidadãos se reviam, aprendiam e confirmavam os objectivos e as qualidades da República.
O período napoleónico terá marcado o apogeu desta elevação das artes a principais formas de expressão cultural e de valor social.

A expressão artística estava condicionada por um juízo de valor emitido por especialistas. Esses especialistas eram os que ocupavam os lugares mais altos das Academias. A arte Neoclássica foi uma arte académica (academismo*).

*Significado de Academismo - Disposição artística que consiste na apreciação ou imitação de obras que pertencem à Antiguidade Clássica ou a algum tipo de cânone considerado superior pelos membros da Academia. [Por Extensão] Imitação ou cópia da produção artística pertencente à escola clássica.
Que não possui nem demonstra originalidade.

As regras de representação baseiam-se numa tradição centrada num respeito absoluto pelos princípios clássicos.
As regras são impostas pelas Academias.
O Academismo é por natureza conservador e não admite grandes inovações.
Impõe um conjunto de temas (conteúdos) e de regras de representação (formas).

Em termos simples podemos afirmar que o Romantismo será uma reacção contrária ao estilo Neoclássico, tanto nos temas a abordar quanto na forma de os interpretar.
Assim:
       à regra unificadora do academismo opõe-se a expressão individualizada;
       à forma clássica opõe-se a invenção de novas formas;
       ao conservadorismo opõe-se a inovação;
       aos temas clássicos (mitos, alegorias, historicismo moralizante) opõem-se o sonho, a fantasia, temas de cariz popular e literário.

O espírito romântico privilegia uma visão do mundo centrada no indivíduo.
Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. 
Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.

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