quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A Cultura do Palácio 4 - O Humanismo e a Imprensa

O Humanismo foi a expressão literária do pensamento e dos valores dos intelectuais do Renascimento.

Os humanistas foram escritores, filósofos e professores que, animados pelo espírito novo do racionalismo, individualismo e antropocentrismo burgueses e fascinados pelo exemplo dos autores clássicos, gregos e romanos, renovaram o pensamento europeu nas letras, nas ciências e nas artes.

Os humanistas procuraram os textos originais produzidos na Antiguidade Clássica e não as versões e interpretações da escolástica medieval.

Assim, viajantes infatigáveis, pesquisaram nas velhas bibliotecas e nos scriptoria dos mosteiros em busca dos manuscritos antigos.

Platão, Aristóteles, Cícero, Tácito, Plutarco, Séneca e muitos outros, regressam nas suas formas originais em Latim clássico e Grego antigo. 

A par das línguas clássicas, os Humanistas valorizam também as línguas nacionais, nas quais se notabilizam autores que vão tornar-se imortais, como Luís de Camões (1525?-1580) e William Shakespeare (1564-1616).

Para os Humanistas admirar os clássicos não significava copiá-los, quer nos temas, quer nos géneros (literários, pictóricos…).
Imitá-los consistia, sobretudo, em recriá-los.

Os Lusíadas recriam a Odisseia de Homero, as tragédias de Shakespeare recriam as tragédias gregas de Ésquilo, Sófocles e Eurípides com espírito crítico e criativo.

A cultura clássica foi entendida como instrumento pedagógico ao serviço do desenvolvimento de capacidades intelectuais, de valores morais, do conhecimento de si próprio e do mundo envolvente: ao serviço da formação da personalidade humana.

As formas artísticas e de pensamento são constantemente recriadas e renovadas.

Optimistas em relação ao mundo, amantes da vida e da beleza, os Humanistas souberam acreditar no Ser Humano sem deixarem de acreditar em Deus, interpretando as Escrituras de forma a dar um sentido mais humano à mensagem religiosa.

Para a rápida difusão do pensamento Humanista e para o sucesso dos seus autores, muito contribuiu outra novidade desta época: a invenção da imprensa.

Correntemente atribuída a Gutenberg, a invenção da tipografia, a arte da impressão, surgiu na Alemanha por volta de 1440-50.
Levada por tipógrafos itinerantes em busca de mecenas para a sua arte, a imprensa abrangeu, neste período, toda a Europa Ocidental.

O primeiro livro totalmente impresso saiu na Alemanha, cerca de 1456-58; em Paris cerca de 1470; em Nápoles cerca de 1471;  em Cracóvia cerca 1474; em Portugal cerca 1494… em 1480 eram 110 as cidades europeias com oficinas tipográficas instaladas. Em 1500 eram já 236. A partir daí a imprensa não parou de se expandir.

A valorização da experiência enquanto fonte de conhecimento, da Razão e do espírito crítico (e não apenas o saber livresco e teórico) no processo de descoberta do Ser Humano e do Mundo (Universo) proposto pelos intelectuais do Humanismo é a base da consciência da modernidade.


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