O novo
espírito renascentista foi também impulsionado pela redescoberta da cultura
clássica (greco-romana) adoptada por oposição à cultura medieval.
A própria
imagem social do artista se alterou por completo.
Os artesãos
medievais, criadores anónimos, simples instrumentos de Deus, reflexos da Sua
vontade, dão lugar a um novo tipo de artista: um intelectual, dotado de
particular talento técnico, capaz de raciocinar e criar novas formas e complexas
soluções narrativas.
Em suma: o
artista do Renascimento é um criador e não mero reprodutor de formas
predefinidas.
A concepção
da arte como ciência, contribuiu para que alguns artistas fossem capazes de
fazer valer as suas capacidades identitárias (individualismo).
A partir desta
época grande parte das obras de arte passam a ser assinadas e o artista a ser
reconhecido publicamente. Os mais populares tornaram-se verdadeiras
celebridades e a sua fama chegou até aos dias de hoje.
O
reconhecimento público das capacidades individuais dos artistas elevou o seu
estatuto social. O artista deixa de ser olhado como um trabalhador braçal,
equivalente a um pedreiro ou um carpinteiro, agora é visto como um trabalhador
intelectual especializado e passa a conviver com as elites sociais.
Frequentam
as cortes, contactam com escritores, filósofos e cientistas, nobres e
príncipes, burgueses abastados, que os patrocinam e para cuja glória contribuem
as suas criações artísticas.
Verdadeiramente
admirável e celeste foi Leonardo (…). O seu raciocínio era de grande vigor (…);
exprimia tão bem o seu pensamento que dominava pela argumentação e confundia
pelo discurso as mais vigorosas inteligências. Inventava sem cessar projectos e
modelos (…). A sua conversa era tão agradável que atraía a simpatia; quase sem
fortuna e trabalhando regularmente, teve sempre servos, cavalos de que muito
gostava e todas as espécies de animais de que se ocupava com interesse e paciência
infinitos. Conta-se que, passando no mercado de pássaros, libertava-os da
gaiola, pagava o preço pedido e deixava-os voar para lhes restituir a liberdade
perdida.
Giorgio
Vasari, Elogio a Leonardo da Vinci, em Vidas
Fazendo
renascer o esplendor do mundo clássico, a arte do Renascimento foi racional e
científica, procurando reproduzir a Natureza ora de forma tecnicista e
rigorosa, ora de forma intelectualizada e ideal.
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