"A Segunda Guerra Mundial dividiu o século XX em duas partes: a de antes de 1945 e a de depois de 1945. Os acontecimentos dramáticos da guerra marcaram irremdiavelmente a mentalidade ocidental, provocando uma profunda desconfiança na racionalidade humana. A crueldade da guerra encerrara definitivamente a época de confiança ilimitada nos recursos do homem, na sua capacidade progredir no sentido de metas utópicas positivas decantadas pelas venguardas artísticas das primeiras décadas do século.
Como sempre, a arte torna-se o espelho do período histórico, reflectindo um clima que se difundiu ao mesmo tempo na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, evidenciando a crise da racionalidade moderna num mundo que parecia governado pelo caos e pela insensatez. Esta atmosfera encontrou a sua representação visual no informe que, vivido como experiência individual e interior, produziu obras derivadas da improvisação psíquica e do drama existencial."
A Grande História da Arte, volume15. Século XX: das vanguardas à arte global, página 13, edição portuguesa saída com o jornal Público
O texto introduz a questão central daquilo que designámos por Informalismo nas artes plásticas. Após a Segunda Grande Guerra, os artistas voltaram-se ainda mais para dentro de si próprios (ver Existencialismo enquanto corrente intelectual). A originalidade técnica tornou-se uma obsessão e assistimos ao surgimento de linguagens plásticas absolutamente inesperadas nas quais fazer se torna mais significativo do que saber.
A acção precede a reflexão. O artista parece absorto na vertigem da experimentação dos materiais procurando novas formas de expressão individual. Este crescimento desmesurado da importância do indivíduo enquanto fonte exclusiva da obra de arte vai provocar uma situação cada vez mais complicada na relação entre o artista e o espectador ocasional da sua obra.
Por um lado a experimentação técnica coloca frequentemente questões que nem mesmo o artista tinha equacionado à partida. A descoberta de soluções inesperadas e plasticamente estimulantes podem não significar nada para o "tal" espectador enquanto ganham um significado incontornável para o artista (Pollock, por exemplo).
Outro factor não menos importante e que decorre directamente da situação acima exposta tem a ver com o tema da obra, a sua possibilidade de interpretação. Ao centrar a criação artística na acção experimental, o artista está também a esvaziar (ainda mais) a sua obra de possíveis significados ou narrativas. Melhor, o artista descobre uma narrativa individual profundamente escondida no fundo de si próprio e trá-la à superficíe, materializando-a na obra plástica. Ao expôr essa narrativa tão individual aos olhos do espectador, o artista corre o risco de não ser minimamente compreendido, como é evidente.
A arte perde definitivamente a intenção de reflectir e expor narrativas globais. As dúvidas existenciais do indivíduo tornam-se o novo factor unificador o que provoca a pulverização dos discursos artísticos e o fim dos Movimentos, tal como foram interpretados pelas Vanguardas do início do século XX.
Algumas destas atitudes e formas mais instintivas de abordar a técnica de criação plástica tinham já sido propostas e intuídas pelos dadaístas bem como a atitude crítica relativamente à sociedade industrial e capitalista, por ocasião da Primeira Grande Guerra. Os Surrealistas iriam reflectir também sobre questões semelhantes se bem que não tenham sido tão ousados nas suas propostas em termos de objectos plásticos.
3 comentários:
NA NOITE PASSADA APARECEU-ME
O(A) FANTASMA
DA FRUTA
QUE PERSEGUE O COELHINHO.
QUE HORROR!
D. MARIA
Gosto muito de
blogues como o teu,
com história...
Eu gostava de pintar um quadro como está nessa imagem :)
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