"Em arte, as teorias têm a mesma utilidade que as receitas em medicina: para acreditar nelas é preciso estar doente."
Esta frase extraordinária de Maurice Vlaminck mostra a atitude característica dos pintores que viveram o furacão estético das Vanguardas, no início do século XX. Animados por uma espécie de sobranceria arrebatadora, os Fauves, os Expressionistas, os Dadaístas e outros que tais, propunham uma revolução total na forma de fazer e pensar a arte.
"O saber mata o instinto. Não se faz pintura; cada um faz a sua própria pintura!"
As academias representam o inimigo a abater, o pintor assume-se como um "super-romântico" genial que segue, acima de tudo, o próprio instinto perante o motivo da pintura. A partir daqui só existirá o futuro!
3 comentários:
Mestre, quando puderes deixa a data das publicações, texto ou imagem, para se aferir melhor, contextualizando, o discurso das vanguardas. Porque a rapidez da evolução formal e conceptual dessa época, faz, hoje, com que determinados discursos pareçam iguais ou semelhantes, mas referindo-se a coisas não idênticas, fundamentadas em pressupostos diferentes, como sabes. lembra-te do que estava por detrás do quadrado preto sobre fundo branco, que independentemente do valor artístico e estético na história, tinha até fundamentos místicos e filosóficos diferentes das interpretações comuns.
De facto, à primeira vista a afirmação de De Vlamink é romântica, mas era romântica como? Para o doze efe isto não é uma questão importante, mas para a discussão dos Fauves, mais alargada, é.
Eu explico melhor (ás vezes deixo-me levar pelo entusiasmo). Afirmo que a afirmação é romântica na medida em que o Romantismo nos oferece a novidade de um artista-indivíduo-genial que, mesmo contra tudo e contra todos, assume a grandeza da sua visão e a excelência da sua obra, mesmo que mais ninguém acredite nele (nem a mãe!). Ora, este Vlaminck é um cromo dos antigos. As frases apresentadas no post são retiradas de um livro intitulado "Tournant dangereux, souvenirs de ma vie" publicado em 1929, imagino que uma espécie de auto-biografia do Maurice. Como se pode constatar o Maurice leva tudo à frente e tem-se a si próprio em alta consderação. Foi essa a ligação que estabeleci entre esta "fera" e o Romantismo.
Pois, estás a ver, é uma edição de 1929, já tinha passado muita coisa desde o ante 1ª guerra. Já se andava às voltas com a arte e a política para a "transformação do mundo" e da revolução das consciências e da arte como projecto, nos inícios do funcionalismo e do estilo internacional. Agora, era interessante entender como é que o romantismo entra aqui, por via de que pensamento. É que eu acho que ainda tem lugar, mas não como nos meados do séc XIX.
bouas noutes
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