terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A cultura do palco (4) – teatro isabelino


O teatro isabelino (1558-1625) refere-se  ao trabalho teatral desenvolvido durante o reinado de Isabel I de Inglaterra (1533-1603), sendo associado, tradicionalmente, à figura de William Shakespeare (1564-1616) embora houvesse, à época, centenas de companhias espalhadas pelo país.
Considera-se que a era isabelina durou até o fim do reinado de Jaime I, em 1625, e mais tarde, incluindo seu sucessor, Carlos I, até ao encerramento dos teatros no ano de 1642, devido à Revolução inglesa.

O facto de se prolongar para além do reinado de Isabel I faz com que os espectáculos produzidos entre a Reforma e o encerramento dos teatros em 1642, se denomine Teatro Renascentista Inglês.
Shakespeare dedica a Jaime I algumas de suas principais obras, escritas para celebrar ascensão ao trono do soberano.

Otelo (1604),
O Rei Lear (1605),
Macbeth (1606 - homenagem à dinastia dos Stuart)
A Tempestade (1611 - inclui, entre outras cenas notáveis, uma "mascarada", interlúdio musical em honra do rei que assistiu à primeira representação).

O período isabelino não coincidiu cronologicamente, na sua totalidade, com o Renascimento europeu e menos ainda com o italiano, mostrando um forte acento maneirista e até mesmo barroco em suas elaborações mais tardias.

A época isabelina representou a entrada da Inglaterra na Idade Moderna, num mundo sob o impulso das inovações científico-tecnológicas como a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico e das grandes explorações geográficas (colonização europeia da América do Norte).


A peça A Tempestade, por exemplo, é ambientada, não por casualidade, numa ilha das Caraíbas cuja população, representada simbolicamente pelo "selvagem" Caliban e pela sua mãe, a bruxa Sycorax, está submetida às artes mágicas de Próspero, isto é, à tecnologia e ao progresso científico dos colonizadores europeus. 

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