O Grand Salon no Palais de L'Industrie, 1863 (gravura da época)
"A mediocridade é aceite. As paredes são ladrilhadas com pinturas virtuosas e totalmente insignificantes. Pode-se olhar de cima para baixo, de um lado para o outro: nenhuma pintura que possa chocar, nenhuma pintura que exerça atracção. A arte foi saneada, foi cuidadosamente escovada; um bom burguês de pantufas e camisa branca."
Émile Zola
Alexandre Cabanel, O Nascimento de Vénus, 1863, pintura aceite no Salão, óleo sobre tela, 130x225cm (actualmente exposta no museu d'Orsay em Paris
As exposições de arte oficiais em Paris, no séc. XIX, chamavam-se «salons». Na sua origem, o termo designava o salão representativo de um palácio. No séc. XIX, o termo salon era igualmente utilizado para designar os espaços de exposição, tendo sido depois transposto para a exposição de arte propriamente dita. Entre os artistas vanguardistas do tempo de Cézanne, a instituição do Salão era denegrida como refúgio de tudo o que era tradicional e antiquado, pois os júris, na maioria compostos por membros da Escola das Belas-Artes ou da Academia, seguiam uma concepção da arte conservadora e académica que proibia quaisquer tentativas de inovação.
É destes salões oficiais, detestados pelos vanguardistas, que são derivadas as expressões desdenhosas ainda hoje usadas, como «arte de salão» e «pintura de salão». Uma pintura como O Nascimento de Vénus de Alexandre Cabanel, que foi exposta no Salon de 1863, fez parte das obras que conseguiram a aprovação do júri, uma vez que trata um motivo mitológico segundo os cânones da pintura académica.
Zola que, como crítico de arte, procurava chamar a atenção para as novas tendências da pintura contemporânea, não poupava o SaJon a comentários satíricos. Ao analisar o Salão de Pintura de 1866, caracterizou a composição do júri do seguinte modo:
«De um lado os colegas simpáticos, que recusam ou aceitam com indiferença; os bem sucedidos, que venceram a batalha; os artistas de ontem, que se agarram às suas convicções e não permitem qualquer inovação e, finalmente, os artistas de hoje, que conseguem pequenos êxitos com uma arte insignificante, defendendo-os com unhas e dentes, insultando e ameaçando qualquer colega que se aproxime deles.» Quando, em 1863, um número enorme de quadros foi recusado pelo Salon, tanto os artistas como a imprensa desencadearam uma campanha de protestos que levou o imperador Napoleão III a autorizar a exposição dos trabalhos recusados numa outra parte do Palais de l'lndustrie para que o público pudesse «julgar por si sobre a razão desse protesto». Este «Contra-salão», que entrou para a história da arte com o nome de Salon des Refusés (Salão dos Recusados), provocou um escândalo que não foi menor.
Os visitantes da exposição, habituados ao academismo dominante, foram confrontados com quadros de Manet, Pissarro, Jongkind, Guillaumin, Whistler, Fantin-Latour, entre outros, sentindo-se totalmente chocados.
A imprensa atacou o Salon des Refusés com uma crítica mordaz. (…)
O Salão dos Recusados, de 1863, não voltaria a ser repetido. Nos anos que se seguiram não restou outra alternativa aos artista a não ser a de submeterem de novo, tal como era habitual, as suas obras ao Salão oficial e esperarem pelo veredicto do júri. No entanto, as obras recusadas parecem ter gerado, tal como anteriormente, uma grande atenção do público(…). Só a partir de 1884, com o Salon des Indépendants (Salão dos Independentes), se deu início em Paris a uma exposição anual de pintura independente do júri da Escola de Belas-Artes.
É destes salões oficiais, detestados pelos vanguardistas, que são derivadas as expressões desdenhosas ainda hoje usadas, como «arte de salão» e «pintura de salão». Uma pintura como O Nascimento de Vénus de Alexandre Cabanel, que foi exposta no Salon de 1863, fez parte das obras que conseguiram a aprovação do júri, uma vez que trata um motivo mitológico segundo os cânones da pintura académica.
Zola que, como crítico de arte, procurava chamar a atenção para as novas tendências da pintura contemporânea, não poupava o SaJon a comentários satíricos. Ao analisar o Salão de Pintura de 1866, caracterizou a composição do júri do seguinte modo:
«De um lado os colegas simpáticos, que recusam ou aceitam com indiferença; os bem sucedidos, que venceram a batalha; os artistas de ontem, que se agarram às suas convicções e não permitem qualquer inovação e, finalmente, os artistas de hoje, que conseguem pequenos êxitos com uma arte insignificante, defendendo-os com unhas e dentes, insultando e ameaçando qualquer colega que se aproxime deles.» Quando, em 1863, um número enorme de quadros foi recusado pelo Salon, tanto os artistas como a imprensa desencadearam uma campanha de protestos que levou o imperador Napoleão III a autorizar a exposição dos trabalhos recusados numa outra parte do Palais de l'lndustrie para que o público pudesse «julgar por si sobre a razão desse protesto». Este «Contra-salão», que entrou para a história da arte com o nome de Salon des Refusés (Salão dos Recusados), provocou um escândalo que não foi menor.
Os visitantes da exposição, habituados ao academismo dominante, foram confrontados com quadros de Manet, Pissarro, Jongkind, Guillaumin, Whistler, Fantin-Latour, entre outros, sentindo-se totalmente chocados.
A imprensa atacou o Salon des Refusés com uma crítica mordaz. (…)
O Salão dos Recusados, de 1863, não voltaria a ser repetido. Nos anos que se seguiram não restou outra alternativa aos artista a não ser a de submeterem de novo, tal como era habitual, as suas obras ao Salão oficial e esperarem pelo veredicto do júri. No entanto, as obras recusadas parecem ter gerado, tal como anteriormente, uma grande atenção do público(…). Só a partir de 1884, com o Salon des Indépendants (Salão dos Independentes), se deu início em Paris a uma exposição anual de pintura independente do júri da Escola de Belas-Artes.
2 comentários:
É ... um prazer
rever contigo
a história
da arte ...
Obrigado.
Espero que os meus alunos tenham a mesma opinião!
:-)
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