quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A Cultura da Gare: 9 - Breve História do Teatro: da Idade Média ao Romantismo (2) Molière


Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière (Paris, 15 de Janeiro de 1622 — Paris, 17 de Fevereiro de 1673), foi um dramaturgo francês, além de actor e encenador, considerado um dos mestres da comédia satírica.

Teve um papel de destaque na dramaturgia francesa, até então muito dependente da temática da mitologia grega. Molière usou as suas obras para criticar os costumes da época. Apesar de preferir o género trágico tornou-se famoso pelas suas farsas.
Integrou diferentes companhias participando em tournées pela província. Conseguiu o apoio de vários mecenas poderosos acabando por se fixar no Teatro do Palácio Real vindo a beneficiar da protecção do rei Luís XIV.

Tartufo foi encenado em Versalhes, em 1664, tornando-se no maior escândalo da carreira artística de Molière. A descrição da hipocrisia geral das classes dominantes e, principalmente, do clero, foi considerada ofensiva.
Utilizando como mote a aristocracia francesa, em luta para manter os seus privilégios, a burguesia ascendente, ávida por ampliar o seu estatuto social e ainda o papel intriguista dos religiosos, Molière desconstrói a hipocrisia da estrutura social da época, desmascarando o farsante Tartufo.
Tartufo é um símbolo dessa estrutura que usa em proveito próprio. Ele é capaz de mentir, roubar, enganar, com o mero objectivo de conseguir mais privilégios.
Tudo em nome de Deus.
A peça mantém-se actual ao denunciar males eternos e "universais", como a corrupção, a hipocrisia religiosa, a ocupação de cargos de poder por mentirosos manipuladores.

Diz-se que Moliére morreu no palco, representando o papel principal da sua última peça: O Doente Imaginário.
Na verdade, terá desmaiado durante a actuação, vindo a falecer, horas mais tarde, na sua cama.
Diz-se também que estava vestido de amarelo, o que gerou a superstição de que esta cor é fatídica para os actores.

Molière foi responsável pela popularidade da comédia no teatro moderno.
Como encenador ensinou os seus actores a utilizarem o naturalismo para enriquecerem a actuação, resultando um teatro mais próximo do espectador.
Molière utilizava expressões comuns, ao contrário do que acontecia no teatro clássico.

Também na composição das personagens há uma aproximação à realidade; elas retratam as contradições e o ridículo da natureza humana.
Construiu personagens populares como o devoto, o nobre, o pedante, o ambicioso e desmascarou-os, sem dó nem piedade mas com muito humor.
 
Num formato cómico, acessível ao grande público (incluindo a nobreza), Molière abordou temas difíceis e atingiu um grau de reflexão normalmente só presente no teatro trágico.

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