O espectáculo teatral da época isabelina
(renascimento/maneirismo/barroco) caracteriza-se pela valorização do texto
enquanto elemento principal e aglutinador da acção.
Os temas e as formas de abordagem são muito variados
tentando, sobretudo, corresponder aos anseios do público ao qual os autores se
dirigem.
O espectáculo isabelino pode ir da levíssima comédia
alegórica à profundidade escura de uma tragédia de contornos clássicos ou às histories(peças
que abordam temas históricos). Estas
categorias principais admitem, consoante os críticos, os historiadores ou
especialistas, uma série infindável de subgéneros.
Há, no entanto, formas de ultrapassar estas classificações.
Shakespeare, para dar o exemplo mais famoso, mistura nos seus dramas o trágico
e o cómico, o sério e o ridículo tal “como sucede na vida”. As suas peças
alcançam uma dimensão que escapa à classificação académica e gera uma forma
teatral muito particular.
O cenário do teatro isabelino não tinha um carácter
representativo , não representava um ambiente particular.
O lugar onde a acção se desenrolava podia ser indicado por
alguns acessórios ou, talvez, por elementos pintados na cortina mais recuada no
palco mas nunca (ou muitíssimo raramente) através de elementos que
transfigurassem o espaço de representação.
Era o espectador que tinha de imaginar ou deduzir o ambiente
em que a cena se desenrolava partindo da acção e das palavras do texto. Os
acessórios de cena só seriam utilizados caso contribuíssem para o
desenvolvimento da cena e raramente seriam incluídos com a finalidade de
indicarem o local da acção.
Como seria possível ao espectador seguir o percurso das
personagens no espaço e no tempo ao longo da narrativa? Philip Sidney, um poeta
da época, descreve assim um espectáculo:
“Agora vêem-se 3 mulheres que vão colher flores e, por
isso, devemos crer que o cenário é um jardim. Depois percebemos que, no mesmo
lugar, ocorreu um naufrágio e, então, censuramo-nos se não acharmos que o cenário é um rochedo, mas do fundo
deste surge um monstro horrível com fogo e fumo e, então, os pobres
espectadores são levados a entrar numa caverna. Entretanto aparecem 2
exércitos, representados por 4 espadas e escudos, e quem terá o coração de
pedra capaz de não permitir ver ali um campo de batalha?”
Era o actor, com o seu gesto e a sua palavra, que colocava a
acção em determinado local ou expunha a passagem do tempo. Por isso mesmo os
acessórios eram como extensão ou suporte da actuação dos actores.
Assim, a mímica dos actores tinha uma particular densidade,
não por ser exagerada ou violenta, mas porque era elemento essencial para
descrever tanto o estado de espírito e as reacções psicológicas das personagens
como o local onde decorria a acção e o ambiente, de um modo geral.
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