A representação teatral necessita de um espaço que a
suporte.
Normalmente, quando pensamos em Teatro, imaginamos uma sala
específica: uma plateia para os espectadores, um palco para os actores…
… mas, o espaço teatral (theatron, o local onde se
vê), sendo uma manifestação da arte da arquitectura, tem-se transformado ao
longo da sua história.
Não assume uma forma definitiva.
A partir da separação entre quem assiste e quem interpreta,
houve necessidade de pensar o espaço de modo a responder a necessidades muito
específicas.
É a tal separação entre plateia e palco.
Como se existisse uma fronteira entre o espaço real,
habitado pelo espectador e uma outra dimensão, uma dimensão mágica: a dimensão
da representação, onde algumas pessoas se transformam em actores e assumem
outra realidade.
Enquanto o Teatro mereceu o apoio dos poderosos e foi
manifestação de cultura (popular ou erudita) teve espaços arquitectónicos
específicos para as suas representações (Grécia e Roma).
Após a queda do Império Romano do Ocidente e durante o
período histórico que designamos por Idade Média, o Teatro foi considerado como
obra de contornos pouco cristãos e quase desapareceu. Por essa razão, a
arquitectura teatral deixou de ter visibilidade.
Quando regressou, na forma de Mistérios, o Teatro foi
acolhido no próprio espaço da Igreja. Primeiro no interior do templo, mais
tarde no espaço defronte à sua entrada.
A representação desenrolava-se em estrados erguidos para o
efeito ou em carroças, quase sempre ao ar livre. Onde houvesse aglomeração de pessoas
era um local adequado à representação teatral.
Isto fez com que, neste período, algum teatro ganhasse
contornos mais populares e menos eruditos. A separação entre duas formas de
expressão teatrais (uma para a elites e outra para o povo, separação que já
vinha dois tempos do Império Romano) é cada vez mais notória.
Os trovadores, os malabaristas, actores e contadores de
histórias, deslocavam-se em busca de público, representando tanto nas praças de
igrejas e mercados como nos salões dos palácios da nobreza.
Naqueles tempos era o artista que procurava o público. Nos
dias de hoje é o público que procura o artista, deslocando-se a locais
específicos, as salas de espectáculo.
Com o Renascimento e na transição para o Barroco (séculos
XVI/XVII), o Teatro ganha novamente notoriedade e conhece um período de grande
expansão.
Ressurgem os espaços arquitectónicos exclusivamente
destinados à representação teatral.
As características do edifício teatral irão evoluir e
transformar-se mas o essencial da sua distribuição espacial fica definida pela
tal fronteira entre espectador e actor, a tal linha imaginária que separa a
plateia do palco.
Chama-se a este tipo de espaço, palco ou sala à italiana por
ter sido em Itália que o conceito foi desenvolvido.
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