quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

«Romântico» e «romantismo»

Théodore Géricault, A Jangada do Medusa, 1818/19, óleo sobre tel, 491X716cm, Museu do Louvre, Paris



"No uso contemporâneo, o adjectivo «romântico» tem uma diversidade de conotações, sendo aplicado aos itinerários cénicos da Europa e aos hotéis neles existentes, ao «amor romântico» nos filmes e nas telenovelas, aos pôr do sol por detrás de palmeiras e jardins acolhedores, além de significar determinados aspectos da literatura, da música e das artes visuais. Quando dizemos que uma coisa é romântica, pensamos em sentimentos e em sentimentalismo, numa atmosfera poética, nostálgica ou sonhadora, mas que também pode pender para o irracional ou para a insanidade. O termo sugere, sem excepção, variações do imaginativo e do fantástico e um afastamento da realidade combinado com algum anseio. Como antónimos pensamos em mundano, banal, pedante."


excerto de um texto da página 11 do volume editado pela Taschen dedicado à PINTURA DA ERA ROMÂNTICA da autoria de Norbert Wolf


O texto expõe algumas ideias feitas sobre o conceito de «romântico» com que nos deparamos no nosso quotidiano. De todas as expressões utilizadas para catalogar e (vagamente) definir os movimentos artísticos na História da Arte, «romântico» e «romantismo» são as que mais comummente utilizamos no nosso dia-a-dia.


Ao longo dos próximos posts iremos tentar estabelecer um conjunto de parâmetros que nos permitam identificar o romantismo nas artes, de um modo geral, e nas artes plásticas, de um modo mais particular.

Como veremos, existe uma grande proximidade entre o uso corrente que fazemos da expressão «romântico» e o que será adequado quando analisarmos objectos artísticos conotados com este movimento.

1 comentário:

Luís Costa disse...

No entanto quando falar do Romantismo, não comece pelo francês que é um derivado do alemão, mas antes pelo alemão. Não se esqueça das suas três grandes escolas:

1 Frühromantik / Jenaer Romantik (1798-1804) que tem uma grande componente filosófica onde aparecem figuras como um dos seus grandes teorizadores Friedrich Schlegel bem como o seu irmãoAugust e ainda o filósofo Schelling, o naturalista e explorador Humboldt, o poeta Novalis etc.

2- Hochromantik / Heidelberger Romantik (1804-1818) com Joseph von Eichendorff, Arnim, Brentano, mas também os irmãos Grimm.

3- Spätromantik / Berliner Romantik (1816-1835) onde aparecem figuras como Ludwig Tieck, Heinrich von Kleist, E.T.A. Hoffmann, Bettina von Arnim etc.

E não se esqueça também de Goethe, que embora dizendo que Romantismo era doença, sendo o Classicismo vigor e saúde, foi autor de um dos livros mais lidos e adorados pelos românticos:

Os Sofrimentos do Jovem Werther, de 1774.

E também o seu “ Fausto “, que é um indivíduo que espelha o espírito próprio do Romantismo: o descontentamento existencial, o desejo insaciável de conhecimento, a busca da unidade perdida, da fonte da eterna harmonia e juventude, da “ Blaue Blume „.