terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O Sublime

Identifica o autor da obra acima representada.
Uma nova concepção do Belo
Na concepção neoclássica, como, aliás, noutras épocas, a Beleza é vista como uma qualidade do objecto que percebemos como belo e, por isso, recorre-se a definições clássicas como "unidade na variedade" ou, então, "proporção"e "harmonia" (...) as condições da Beleza residem na forma do objecto.
No século XVIII, porém, começam a impor-se alguns termos como "génio", "gosto", "imaginação" e "sentimento" que nos fazem compreender que se vai formando uma nova concepção do belo.
(...)
O que é belo é definido pelo modo como o apreendemos, analisando a consciência daquele que pronuncia um juízo de gosto. (...) domina a ideia de que o belo é algo que aparece tal como nós o percebemos, que está ligado aos sentidos, ao reconhecimento de um prazer. Do mesmo modo, é em ambientes filosóficos diferentes que avança a ideia do Sublime.
em História da Beleza, direcção de Umberto Eco, páginas 275/77
O Sublime da Natureza

Neste final de Setecentos (...) a ideia de Sublime associa-se antes de mais a uma experiência não ligada à arte, mas à natureza, e nesta experiência priviligiam-se o informe, o doloroso e o tremendo. Ao longo dos séculos, havia-se reconhecido que há coisas que são belas e agradáveis, e coisas ou fenómenos terríveis, espantosos e dolorosos: frequentemente a arte louvada por ter imitado ou representado, de modo belo, o feio, o informe e o terrível, os monstros e o diabo, a morte ou uma tempestade. Na sua Poética, Aristóteles explica precisamente como é que a tragédia, ao representar eventos tremendos, deve produzir piedade e terror no ânimo do espectador. (...) No século XVII, alguns pintores são apreciados pelas suas representações de seres feios, desagradáveis, estropiados e tortos, ou de céus nebulosos e tempestuosos, mas ninguém afirma que um temporal, um mar em tempestade, uma coisa sem forma definida e ameaçadora, possa ser belo por si mesmo.
Neste período, pelo contrário, o universo do prazer estético divide-se em duas províncias, a do Belo e a do Sublime, embora as duas províncias não estejamtotalmente separadas (...) porque a experiência do Sublime adquire muitas das características anteriormente atribuídas à do Belo.
O século XVIII é uma época de viajantes ansiosos por conhecer novas paisagens e novos costumes, não pelo desejo de conquista, como aconteceu nos séculos precedentes, mas para viver novos prazeres e novas emoções. Desta maneira desenvolve-se o gosto pelo exótico, pelo interessante, pelo curioso, pelo diferente e pelo espantoso.
em História da Beleza, direcção de Umberto Eco, páginas 281/82
Estes dois excertos de textos retirados da História da Beleza (Difel, Difusão Editorial), colocam-nos perante uma situação nova que vai ganhando forma ao longo do período artístico que engloba o que designamos por Romantismo. Situação essa que diz respeito ao desenvolvimento da sensação de que o Belo não está exclusivamente relacionado com qualidades próprias do objecto observado mas também com as características específicas do indivíduo que o analisa.
O homem que não possui sensibilidade suficiente para se aperceber da Beleza ou para a apreender nunca poderá vir a perceber manifestações da sua revelação nem ser iluminado por ela. A falta de sensibilidade poderá, eventualmente, ser atenuada através da aquisição de conhecimentos, mas a um homem assim faltará sempre a chama imprescindível do "génio" que irá assombrar a existência de todos os românticos de todas épocas na sua busca infindável por um vislumbre que seja daquilo que é o Sublime!
Nota: este texto é, propositadamente, uma tentativa de analisar os excertos da História da Beleza acima transcritos com um olhar... romântico!